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Saúde

Cortador de cana perde 8 litros de água por dia

06 janeiro 2011 - 13h48Por Redação Douranews/ com Exame.com

A cada minuto de trabalho, um cortador de cana realiza 17 flexões de tronco e aplica 54 golpes de facão. Tudo isso com o joelho semiflexionado e a cervical extendida, o que o faz perder oito litros de água ao final de cada jornada.

Esse é o resultado de um estudo divulgado nesta quarta-feira (5) pela Secretaria de Saúde de São Paulo. Com base no levantamento, o governo prometeu regulamentar o setor em 2011 para melhor as condições de trabalho dos cortadores.

Em nota, a pasta indica que “o setor sucroalcooleiro apresenta grandes contrastes em sua cadeia produtiva. Apesar de ser uma indústria altamente lucrativa, as condições de trabalho ainda são, geralmente, de qualidade ruim, colocando em risco a saúde dos trabalhadores”.

De acordo com o levantamento, a cana-de-açúcar é cortada manualmente na maioria das lavouras e o trabalho é repetitivo e exaustivo. Além disso, não há locais com sombra nos canaviais e o cortador não se hidrata adequadamente.

O estudo revelou o cortador perde oito litros de água a cada dia de trabalho, já que são cortadas e carregadas em média 12 toneladas de cana e percorrido um percurso de quase nove quilômetros em cada jornada.

Esses trabalhadores também não possuem condições adequadas de alimentação e hidratação. Segundo a secretaria, eles normalmente levam água de casa para consumo na lavoura, mas não reabastecem seus reservatórios com frequência. Além disso, os reservatórios dos ônibus não são refrigerados e apresentam péssimas condições de armazenamento e higiene. A água fornecida não vem de fontes tratadas em 40% dos casos.

Quanto à alimentação, os trabalhadores não têm local adequado para realizarem refeições nem para acondicionar a refeição. Enquanto trabalham, os cortadores carregam consigo suas marmitas. Muitas vezes, o alimento fermenta ou azeda, segundo o estudo da Secretaria de Saúde.

A diretora da Vigilância Sanitária Estadual, Maria Cristina Megid, afirma que o poder público está olhando para esse setor e discutindo políticas de saúde.

- O empregador tem que saber que está sendo vigiado.

Desde 2007, a Secretaria capacitou 500 profissionais de todo o estado para fazer a fiscalização desse setor. Nesse período, foram inspecionadas 148 usinas e feitas 102 autuações.