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Saúde

Gordura nas pálpebras sinaliza risco cardíaco

30 dezembro 2010 - 17h34Por Redação Douranews/com ig

As bolsinhas de gordura nas pálpebras, conhecidas pelo estranho nome de xantelasma, podem comprometer muito além do olhar. Temidas por homens e mulheres que tangenciam a terceira idade, o suposto incômodo estético pode sinalizar (ou mascarar) o aumento do risco de problemas no coração.

O alerta faz parte de uma pesquisa realizada durante 30 anos por cientistas dinamarqueses e foi apresentado no Congresso da Associação Americana do Coração, em Chicago, nos Estados Unidos, e divulgada neste mês no site da entidade norte-americana.

O acompanhamento foi realizado com mais de dez mil pessoas. Segundo os pesquisadores, o xantelasma eleva em 51% o risco de ataque cardíaco, 40% de infarto e 20% de morte. Para os voluntários pesquisados que tinham o colesterol em níveis normais, as bolsinhas de gordura representaram um aumento de 17% nas chances de problemas no coração.

A pesquisa quis representar uma população mundial e pode facilmente ser transportados para a realidade brasileira. Essa extrapolação, para especialistas brasileiros, pode auxiliar na avaliação precoce de problemas cardíacos e evitar sequelas incapacitantes.

No Brasil, de 2% a 3% da população têm as indesejáveis bolsas de gordura nas pálpebras, revela Leonardo Abruccio Neto, dermatologista do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Mais de 20% dos pacientes do especialista vivem – ou já eliminaram – o problema.

“É muito freqüente em homens e mulheres acima dos 30 anos. Mais de 1% da população brasileira tem esse problema. A porcentagem nacional pode parecer pequena, mas em números reais, o xantelasma afeta mais de um milhão de pessoas.”

Para o médico, na prática, os dados encontrados na pesquisa reforçam um procedimento já realizado pela maioria dos dermatologistas, quando procurados para exorcizar a pequena gordura. “Todo paciente que tem a doença exige uma avaliação de colesterol antes de iniciar os procedimentos para removê-la.”

Dados nacionais

Neto estima que de 15% a 20% dos pacientes que têm xantelasmas apresentam colesterol alto. O procedimento tende a ser feito após uma avaliação estética: os obesos sempre são encaminhados para o teste. Uma vez confirmado o nível indesejado de colesterol, o caso passa às mãos de um cardiologista.

Ao sinalizar que a gordura das pálpebras pode ser um espelho do que ocorre no coração de pessoas magras, e com o colesterol controlado, a pesquisa propõe uma mudança no diagnóstico feito por especialistas.

“É uma doença genética, sem grandes explicações. Muita gente magra, que investe em alimentação regrada, apresenta o problema. Em geral, nós, dermatologistas, pedimos exames de lipídios. Na negativa, damos seqüência ao tratamento, sem encaminhar ao cardiologista. Os números revelam que esse procedimento não exclui o risco dos pacientes apresentarem problemas no coração.”

Alerta mundial

Raul Dias dos Santos Filho, diretor da Unidade de Dislipidemias do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo), explica que a maioria dos infartos são assintomáticos. O corpo não dá sinais. Os pacientes, independentemente dos fatores de risco, relatam apenas a sensação momentânea de dor.

Nesse sentido, a associação entre o xantelasma e o acúmulo de gordura nas artérias, causa e consequência dos problemas cardíacos graves, representa uma novidade no diagnóstico e amplia as possibilidades de controle e prevenção.

“Sem dúvida, os dados são um alerta para toda e qualquer população. O paciente pode ter grandes quantidades de placas de gordura, obstruindo o coração, sem sentir absolutamente nada. Indicar precocemente é um ganho para a medicina e pode ajudar a reforçar a mudança de hábitos da população.”

Para o especialista, além do sinal amarelo, o estudo acentua o papel do cardiologista em uma doença que aparentemente requer apenas atenção de um dermatologista ou cirurgião plástico.

“Vale reforçar o coro dos cuidados preventivos e também a importância da comunicação entre as especialidades”, finaliza.

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