Equipe da UCDB, do grupo de pesquisa em Engenharia e Computação, trabalha na construção de um dispositivo clínico de resfriamento craniano chamado “cool cap”, do inglês, boné frio. O cool cap é usado com o intuito de reduzir a atividade metabólica cerebral em situações de baixa ou nenhuma oxigenação do cérebro, reduzindo as sequelas devido a uma parada respiratória, por exemplo. O cool cap é indicado para aplicação em recém nascidos, devido à agilidade no uso do equipamento e evidências positivas observadas em trabalhos recentes.
O coordenador do projeto, professor Marco Hiroshi Naka, do Departamento de Engenharia Mecatrônica e Mecânica da UCDB e do Mestrado em Biotecnologia, explica que a maior parte dos dispositivos de resfriamento é composta por um sistema de refrigeração de médio porte. Por isso, ele propõe a criação de um sistema mais compacto, utilizando-se o efeito Peltier, muito usado em geladeiras portáteis, com o objetivo de reduzir o seu tamanho e fazê-lo compacto suficiente para fácil transporte. “O efeito Peltier ocorre em certos materiais específicos, que são comumente chamados de placas termoelétricas ou placas Peltier. Quando aplica-se uma diferença de potencial sobre essas placas, elas sofrem um resfriamento em um lado, enquanto que o outro sofre um aquecimento. O lado de resfriamento é o que nos interessa neste projeto”.
O grupo de pesquisa, formado por acadêmicos de Engenharia Mecatrônica e Mecânica da UCDB, fez a modelagem termodinâmica para dimensionar a carga térmica necessária para diminuição da temperatura na caixa craniana. “O princípio básico de aplicação desses equipamentos reside no fato de que danos ou sequelas devido à falta de oxigenação poderiam ser minimizadas com a redução do metabolismo cerebral, principalmente em recém-nascidos. Em alguns países, como nos Estados Unidos, já existem cool caps disponíveis comercialmente, mas buscamos a construção de um dispositivo utilizando tecnologia nacional e de baixo custo”, diz o professor Marco.
Para a realização deste projeto, formou-se uma equipe multidisciplinar, composta por pesquisadores do departamento de Engenharia Mecatrônica e Mecânica da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), e pesquisadores do Departamento de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). O departamento de Pediatria da UFMS será o responsável pelos testes clínicos dos equipamentos e na UCDB está sendo desenvolvido o sistema de resfriamento craniano.
Após o dimensionamento termodinâmico do sistema, será projetado um sistema de controle para a temperatura do cool cap. Antes do uso para a avaliação clínica do sistema, serão realizados testes em laboratório com sistemas que simulassem o paciente. Para este fim, a equipe está construindo um modelo baseado no equacionamento termodinâmico do sistema e com medidores de temperatura para avaliação da eficiência do sistema de resfriamento e controle. “A avaliação clínica será toda realizada no Hospital Universitário – UFMS, sob a coordenação dos membros da equipe daquela instituição, mas sempre com o acompanhamento técnico dos membros da área de engenharia da UCDB”, diz Marco.
O projeto é financiado pela Fundação de Apoio ao Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) por meio da chamada universal n° 14/2009, e tem previsão de ser realizado no período de dois anos. O professor Marco acredita que, com o desenvolvimento do cool cap, espera-se abrir um novo campo de pesquisa no Estado, com um foco maior em bioengenharia e no desenvolvimento de equipamentos de uso médico hospitalar. “Por se tratar de uma pesquisa que envolve duas instituições de ensino superior, acredito que esse projeto possa fortalecer laços de cooperação entre elas, além de abrir novas possibilidades de parcerias em pesquisa e desenvolvimento tecnológico” finaliza.
Para saber mais sobre o projeto, utilizar o telefone (67) 3312-3300 ou o e-mail: [email protected] .
