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Saúde

Fila da radioterapia pode acabar

18 novembro 2010 - 19h44Por Redação Douranews, com Assessoria

Em quatro meses, valor vai passar de um milhão de reais. MPF aceita medida de emergência para atender pacientes com câncer mas quer estrutura para atendimento na rede pública.

O repasse de recurso público à única clínica particular que aceita novos pacientes com câncer que necessitam de radioterapia em Campo Grande (MS), vai passar de 70 mil para 270 mil reais mensais. O valor será mantido por quatro meses, chegando a um milhão e oitenta mil reais.

O objetivo é acabar com a fila de espera para radioterapia no estado, que já chega a 170 pessoas. A decisão foi informada ontem (17) ao procurador regional dos Direitos do Cidadão, Felipe Fritz Braga, pelos representantes das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde.

O recurso é repassado à clínica Neorad pelo Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande. O procurador aceitou a solução temporária e imediata, mas afirmou “não concordar absolutamente com essa situação” Ele quer que governo e município estruturem a radioterapia na rede pública. Segundo o procurador Felipe Fritz Braga, o recurso a instituições privadas, em saúde, só pode se dar  complementarmente.

“Por que essa situação? Porque não houve investimento na área pública. Derramam-se recursos vultosos na rede privada de saúde – e aí incluo as instituições filantrópicas, como Hospital do Câncer e também Santa Casa – mas pouco se aplica, em termos proporcionais, nos hospitais públicos. É necessário investir na oncologia de hospitais públicos. Temos aqui o Hospital Regional e o Hospital Universitário – o que é que tem sido feito para criar ali uma radioterapia de ponta? Nada. Estado e município pagarão para clínica particular um montante que, ao longo de poucos anos, lhes permitiriam montar toda a estrutura necessária para o funcionamento de uma radioterapia em hospital público”.

MPF quer ouvir os pacientes

O MPF investiga o descaso no atendimento aos pacientes com câncer no estado. Há informações de que muitos procuram atendimento em outras regiões, como Barretos (SP).  Quem não tem condições se submete à fila. Relatos médicos obtidos pelo MPF confirmam que, em muitos casos, a demora inviabiliza a cura. O MPF pretende agora ouvir os pacientes que se sentem prejudicados. “Queremos conhecer de perto o drama que os pacientes oncológicos estão vivendo nas filas. Não há nenhum registro sobre o que enfrenta esse paciente: ele se depara com irregularidades perante as quais tem de se calar? Ele está vindo de longe para conseguir uma vaga na fila? Ninguém faz esse registro. Queremos ouvi-lo. O SUS é um sistema perfeito no discurso e na teoria. Na prática, os problemas são enormes. Temos de enfrentá-los ouvindo o paciente”, afirma o procurador.

Atendimento na rede pública não existe Atualmente, além da clínica Neorad, oferecem o tratamento de radioterapia os Hospitais do Câncer - em Campo Grande - e Evangélico - em Dourados. Os três são particulares, embora os dois hospitais sejam filantrópicos. Todos atendem, também, pacientes de convênios e particulares. A administração do Hospital do Câncer informou ao MPF que não pretende ampliar o atendimento à população, pois o aparelho de radioterapia teria limitação no horário de funcionamento.

Diante da insuficiência dos serviços de radioterapia no Estado, a fila de espera tem sido crescente. A medida atualmente adotada pelas Secretarias Municipal e Estadual de Saúde custeio do tratamento de pacientes do SUS em clínica particular] apresenta-se como solução provisória para esse problema. Contudo, para resolvê-lo definitivamente, são necessários investimentos nos hospitais públicos, a começar pela instalação de um novo equipamento de radioterapia. A Secretaria Estadual de Saúde informou que o Governo do Estado não pretende instalar aparelho de radioterapia no Hospital Regional.