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Saúde

Fundect financia pesquisa de controle da dengue

18 novembro 2010 - 11h45Por Redação Douranews, com Assessoria

O grupo de pesquisa liderado pelo professor de Química Eduardo José de Arruda, da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), busca desenvolver um tipo de inseticida para combate à larva do Aedes aegypti. A motivação surgiu durante a primeira crise de dengue na Capital, em 2007/2008, que levou o professor a se perguntar o que universidade poderia fazer para minimizar esse problema de saúde pública.

O doutor pela Unicamp explica que, de forma geral, o controle da dengue tem sido realizado sobre a população de inseto adulto, e sempre de forma corretiva. Em sua pesquisa, buscou, ao contrário, atingir as larvas do mosquito, atuando de forma preventiva. “A pesquisa foi iniciada com a avaliação de complexos metálicos com íons de transição para provocar a mortalidade de larvas de Aedes aegypti e inviabilização de ovos do inseto vetor. Os ativos são propostos para formas imaturas do inseto que, segundo especialistas, é a forma mais adequada e eficiente de controle dos insetos vetores”.

Ao contrário de inseticidas convencionais que agem no Sistema Nervoso Central e inibição enzimática, os ativos propostos pela pesquisa agem no Sistema Digestório dos insetos, produzindo radicais livres e espécies oxidantes que causam a mortalidade das larvas, inviabilizam ovos e controlam o microambiente reprodutivo dos insetos a partir do controle da cadeia alimentar das larvas (bactérias, fungos, parasitas e outros microrganismos).

O larvicida deve ser usado nos períodos úmidos e quentes, aplicado em jardins, durante processo de limpeza na casa ou em material com acúmulo de água. Também serve de micronutriente vegetal (adubo para os vegetais), além de ser de toxidade muito baixa. “Os ativos inseticidas (complexos metálicos) podem ser aspergidos ou encapsulados em material polimérico para liberação lenta e controle prolongado dos insetos vetores. Os ativos são considerados micronutrientes e adubos foliares para plantas e podem ser reabsorvidos e reciclados nas concentrações de controle pelo ambiente, e possuem baixa toxicidade para humanos e organismos não alvos”.

Os trabalhos estão em sua fase final, de estabelecimento de protótipos de liberação lenta por encapsulação com polímeros naturais e formulação de produtos larvicidas para controle abrangente dos organismos alvos. Eduardo não sabe ainda se o produto vai ser vendido ou distribuído. “Esta resposta só poderá ser respondida após o término da pesquisa e depois de realizadas todas as avaliações de seguridade por órgãos do governo federal (Anvisa, Ministério da Agricultura e outros) e de verificado o interesse de indústrias para a fabricação dos ativos e/ou dispositivos de liberação lenta dos ativos inseticidas para o controle prolongado das formas imaturas do inseto vetor”.

O professor da UFGD explica que os alunos do ensino médio (Iniciação Científica Júnior), de graduação (Iniciação Científica) e alunos de pós-graduação participam no desenvolvimento de etapas do projeto. “Caracterizações das propriedades e estudos complementares para assegurar a eficiência dos ativos inseticidas sob diferentes condições de aplicação e estudos para o controle prolongado por ciclos de reprodução dos insetos, além dos estudos de degradação e reabsorção por outros organismos e pelo ambiente”.

A pesquisa está inserida na Rede Dengue MS, é financiada pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e é desenvolvida em parceria com pesquisadores da Unesp/Botucatu, Instituto de BioCiências, Mestrado e Doutorado em Zootecnia/Unesp/Botucatu, Unesp/Bauru - Mestrado em Materiais, Instituto de Química e Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, além da parceria com o Departamento de Química da UFMS.

“Pode-se dizer que sem os recursos da Fundect a pesquisa não teria sido iniciada. Os recursos iniciais disponibilizados e o crédito científico permitiram a continuidade e a ampliação de captação de recursos na forma de recursos, bolsas e qualificação dos pesquisadores envolvidos no projeto, além de inúmeros prêmios e reconhecimentos recebidos [a pesquisa foi finalista do Prêmio Santander de Ciência e Inovação 2009]”.

O engenheiro químico industrial formado pelo Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) de São Bernardo do Campo adverte que a forma preventiva deve ser priorizada, além de outras ações e estratégias para conscientização do problema, como, por exemplo, a educação em saúde para a população. “O problema da dengue é complexo e não somente o uso de estratégias que utilizem o controle químico ou controle biológico é necessário para a resolução do problema de saúde pública. A população e autoridades devem considerar que há mais de 30 anos o controle da dengue tem sido infrutífero com perda de bilhões de reais e vidas humanas. Não se combate dengue ou qualquer outra doença tropical somente nos verões e períodos úmidos, mas o combate deve ser continuado de forma persistente, considerando várias opções de controle baseados em estudos sistematizados do comportamento, hábitos e biologia dos insetos vetores e, principalmente dos processos de adaptação ao ambiente e inseticidas”, finaliza.