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Saúde

Programa da Agepen ajuda dependentes químicos dentro de presídios

16 setembro 2019 - 11h33

O trabalho sistematizado de enfrentamento à drogadição já é realidade em 22 unidades prisionais da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Coordenados pela Diretoria de Assistência Penitenciária, através da Divisão de Promoção Social, o projeto ‘Recomeçar’, executado por psicólogos e assistentes sociais, com o apoio de instituições voltadas ao tema, atende também na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), onde o trabalho é desenvolvido desde 2016 e este ano conta com o apoio de voluntários do NA (Narcóticos Anônimos).

De acordo com a assessoria da Agepen, os encontros acontecem duas vezes por semana, com cerca de uma hora de duração. Atualmente, 14 custodiados participam dos encontros do Grupo Recomeçar, quase o dobro do total registrado há dois anos, quando eram oito participantes. O projeto é definido como um grupo de apoio ou de autoajuda específico para as pessoas em privação de liberdade que enfrentam problemas com as drogas. O grupo funciona baseado nos 12 Passos dos Narcóticos Anônimos e na dialética do “ensinar-aprender”.

A iniciativa busca conhecer a experiência de vida de cada um dos envolvidos, analisando a compreensão da forma como eles reagem, os modos como fazem e de que forma escolhem as substâncias, no sentido de identificar as principais dificuldades enfrentadas.

Os trabalhos na PED são coordenados pelas agentes penitenciárias Raquel Ribeiro e Kélli Rocha, que atuam como psicólogas no presídio. Todos os participantes ganham uniforme do grupo, as peças foram doadas pela ONG Artaban, que possui uma oficina de costura instalada na penitenciária. No momento, dois voluntários do NA também participam dos encontros.

Segundo as responsáveis pelo grupo na penitenciária, o projeto já vem colhendo frutos e o interesse de participação tem aumentado. “Recentemente tivemos a confirmação de que um de nossos membros está iniciando trabalho voluntário dentro do raio em que se encontra cumprindo pena, levando a mensagem dos Narcóticos Anônimos e incentivando os que ainda não tiveram a oportunidade de participar de um grupo de recuperação”, comenta a agente Kélli.

Para a agente Raquel, o progresso que o projeto está tendo e o êxito na realização das atividades e reuniões só têm sido possíveis devido à cooperação do corpo de segurança. “Temos também um importante suporte da direção da PED e da Agepen, além da parceria com o Narcóticos Anônimos da cidade de Dourados”, agradece.

Na opinião do diretor da penitenciária, Antônio José dos Santos, o ato delituoso, na maioria dos casos, tem relação direta com a dependência química, diante disso, é essencial trabalhar o enfrentamento à drogadição no período em que estão em cumprimento de pena.

Em Rio Brilhante, o projeto na unidade prisional feminina é coordenado pela agente penitenciária da área de Psicologia, Nayla Cristina Santiago Silva. Depois de algumas reformulações, o grupo de enfrentamento da dependência química do presídio está retomando os trabalhos e irá se reunir quinzenalmente para abordar os prejuízos do uso de drogas e da importância de se construir uma vida sem dependência química.

“A dependência de drogas é um dos maiores problemas de saúde pública contemporâneo. O consumo de drogas entre as mulheres tem aumentado consideravelmente, por isso a importância de se trabalhar essa temática no presídio feminino”, destaca Nayla. No Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante, o grupo conta atualmente com a parceria da “ONG da Paz” e segue alguns princípios trabalhados nos grupos operativos dos Narcóticos Anônimos.

A intenção do trabalho, segundo a diretora do presídio, Lígia Maria Asato Dorta, é que, quando elas não estiverem mais em privação de liberdade, “possam usufruir dos benefícios que lhe foram tirados pelo uso de entorpecentes e trilharem uma nova vida, longe do crime”.

Pelo protocolo do projeto ‘Recomeçar’ da Agepen, além do trabalho feito no interior dos estabelecimentos penais, ao conquistarem a liberdade, os assistidos pelos projetos ainda são orientados sobre os locais em que podem continuar o tratamento, seja em reuniões de Narcóticos Anônimos ou em comunidades terapêuticas mais próximas do locais de residência.