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Saúde

Menos de 50% das mulheres usam camisinha nos novos relacionamentos

07 março 2011 - 20h35Por Redação Douranews, com Agência Estado

Uma pesquisa divulgada pelo Ibope no último dia 3 de março constatou que apenas 49% das mulheres brasileiras, com 18 anos ou mais, usam preservativo em novos relacionamentos. Em 2001, o índice era de 60%. O levantamento foi realizado entre agosto de 2009 e julho de 2010, com 18.884 pessoas, entre homens e mulheres, e o resultado representa uma média nacional.

Para o psiquiatra e coordenador do Departamento de Transtorno de Identidade e Orientação Sexual da PUC (Pontifícia Universidade Católica), Alexandre Saadeh, o resultado “é bem pouco, frente a essas questões de DST [Doenças Sexualmente Transmissíveis], HIV e gravidez”, diz. “Isso significa que as mulheres estão se cuidando muito menos do que deveriam”, completa.

O psiquiatra acredita que esse resultado se deve ao fato de muitas mulheres se submeterem aos desejos dos homens. É claro que "há muitas mulheres que, se não tem camisinha, não tem sexo”, explica. No entanto, o fato do “homem fazer pressão para transar sem camisinha sempre vai ter. O que surpreende é o fato das mulheres se submeterem a isso”, diz.

Aids

Outro fator que pode levar à diminuição do uso de preservativo é que as pessoas têm menos medo da Aids. “O advento do coquetel, o fato de tomar o medicamento, ou ainda fazer uma aplicação mais aguda, e a possibilidade de sobrevida maior”, levam as pessoas a ignorarem o uso. “É um mito achar que se tomar o coquetel agudo que vai zerar o risco, não zera para todo mundo, criam-se muitas lendas e mitos e as pessoas transam sem preservativo por isso”, alerta o psiquiatra.

Recentemente, o MS (Ministério da Saúde) divulgou o Boletim Epidemiológico 2010 que aponta que há mais mulheres com Aids do que homens na faixa entre 13 e 19 anos: oito casos em meninos para cada dez em meninas. “Parece uma tendência. Essa geração mais nova que não viveu o auge da epidemia usa menos. É um descuido”, avalia Saadeh.

Para ele, não é possível traçar um perfil nacional, mas o fato de muitas mulheres não usarem camisinha também é cultural. “Muitas ainda têm vergonha de andar com preservativo, é como se fosse promiscuidade. Há um grande número de mulheres que ainda acredita que ter o preservativo é função do homem”, afirma o sexólogo.

Meninos X Meninas

Apesar de não se saber ao certo as causas, é comprovado que as mulheres estão se cuidando menos. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a PCAP – 2008 (Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira) mostra que, entre jovens de 15 a 24 anos, as meninas estão mais vulneráveis ao HIV.

Em todas as situações, os meninos usam mais preservativo do que elas. Na última relação sexual com parceiro casual, o percentual de uso da camisinha entre as meninas é consideravelmente mais baixo (49,7%) do que entre os meninos (76,8%). Quando o relacionamento se torna fixo, apenas 25,1% delas utilizam a camisinha com regularidade; entre eles, o percentual é de 36,4%, diz o levantamento.

O MS explica ainda que a camisinha é o método mais eficaz para prevenir contra as doenças sexualmente transmissíveis, como Aids, alguns tipos de hepatites e a sífilis, por exemplo. Além disso, evita uma gravidez não planejada.

Camisinha grátis


Além disso, o preservativo ajuda até mesmo quem já foi infectado pelo HIV. A camisinha evita que a pessoa se contamine por outras doenças, que podem prejudicar o sistema imunológico e previne contra a reinfecção pelo vírus causador da Aids, o que pode agravar ainda mais a saúde.

Em geral, os preservativos masculinos e femininos podem ser encontrados em farmácias, mas também podem ser obtidos gratuitamente em toda a rede de saúde pública. Quem tiver dificuldades em encontrar postos de distribuição pode ligar para o Disque Saúde (0800 61 1997). Também é possível pegar camisinha em algumas escolas parceiras do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas.