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Saúde

Mulheres mudam mais depois de ter câncer de pele

04 março 2011 - 15h00Por Redação Douranews, com Exame

A experiência de sobreviver a um melanoma pode ter um peso emocional maior sobre as mulheres do que sobre os homens, sugere um novo estudo holandês.

“Na prática clínica, esta observação pode implicar que as mulheres precisam de cuidados adicionais, como acompanhamento e possivelmente aconselhamento para lidar da melhor forma possível com um melanoma”, disseram os autores do estudo chefiados por Cynthia Holterhues, do Departamento de Dermatologia do Erasmus MC em Rotterdam, Holanda.

Em alguns aspectos, porém, o estudo constatou que as mulheres que sobrevivem ao melanoma geralmente assumem uma atitude mais positiva diante da vida do que os homens.

Por exemplo, mesmo que se mostrando mais propensas a dizer que o melanoma e seus efeitos colaterais interferiram na qualidade de suas vidas, as sobreviventes também demonstraram maior propensão a dizer que se tornaram mais sábias e espiritualizadas com a experiência.

Segundo resultados do estudo, as mulheres que venceram a um melanoma também se mostraram mais propensas do que os homens a tomar medidas preventivas, com elas próprias e com seus familiares, contra os efeitos nocivos dos raios UV. Aqui, 70% dos brasileiros vão à praia sem protetor solar.

“Os homens podem estar menos atentos às formas de prevenção ao sol em geral e precisam de mais informações sobre tais métodos depois do tratamento”, observaram os autores.

O estudo foi publicado na edição de fevereiro do periódico Archives of Dermatology.

De acordo com dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, o melanoma é a forma mais letal de todos os tipos de câncer de pele. Entretanto, a doença é curável quando detectada em estágios iniciais - antes de se espalhar pelos gânglios linfáticos e outros órgãos e tecidos.

Segundo os autores do estudo, isso significa que 80% dos pacientes de melanoma enfrentam diagnósticos “relativamente bons”. Mas, existe uma advertência: todos os sobreviventes enfrentarão o risco da reincidência da doença por toda a vida.

Com estes dados em mente, a equipe de pesquisa decidiu conduzir uma entrevista com mais de 560 sobreviventes ao melanoma na Holanda, com o objetivo de conhecer melhor o comportamento, as atitudes e a qualidade de vida em geral destas pessoas.

Os participantes, dos quais 62% eram mulheres, tinham em média 57 anos de idade e tinham sido diagnosticados com melanoma entre 1998 e 2007. A pesquisa se concentrou na reação de cada um dos participantes em relação à doença por um período de até 10 anos após o diagnóstico.

Todos os participantes tiveram de responder a um questionário sobre o estado de saúde e o “impacto do câncer” sobre suas vidas, com o intuito de avaliar como o diagnóstico afetou a vida destas pessoas em todos os aspectos: físico, mental, social, existencial e médico.

Certa de 70% dos pacientes de melanoma recebeu o diagnóstico em estágios iniciais da doença. Aproximadamente um terço deles tinha lutavam contra outro problema grave de saúde, como pressão arterial alta ou artrite.

No geral, os autores descobriram que os sobreviventes ao melanoma não apresentavam qualidade de vida em relação à saúde inferior ao restante da população holandesa. Na verdade, uma tendência de pouca significância sugeriu que os pacientes de câncer poderiam mesmo estar em melhor estado de saúde geral do que as pessoas que não enfrentam um câncer de pele.

Dentre os sobreviventes ao melanoma, constatou-se que as mulheres apresentaram reações mais sérias em relação à experiência do que os homens. Os autores observaram que as mulheres também se mostraram mais propensas a sofrer de problemas geralmente piores de saúde física e mental. Além disso, indicações adicionais mostraram que as mulheres também apresentaram uma qualidade de vida em termos de saúde significantemente inferior no geral.

Em comparação aos homens, as mulheres também parecem ter sofrido mais com dores, dormência e/ou irritação da pele como efeitos colaterais da cicatrização proveniente do tratamento. Entretanto, as mulheres também se mostraram mais propensas a tomar os devidos cuidados ao se exporem à radiação solar do que os homens. Elas apresentaram uma tendência maior a se preocupar com os efeitos nocivos dos raios UV sobre elas próprias (66% contra 45%, respectivamente) e seus familiares (49% contra 32%).

Este dado foi associado à tendência das mulheres a buscar com menor freqüência os destinos ensolarados para as férias do que os homens (67% contra 56%) e de ficar na sombra ou usar um protetor solar com maior freqüência (67% contra 48%) e mais vezes ao dia (64% contra 25%).

Darrel S. Rigel, ex-presidente da Academia Americana de Dermatologia e atual professor de dermatologia do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York, disse que as descobertas não causaram grandes surpresas.

“Vemos diferenças mesmo na linha de frente, pois geralmente são as mulheres que descobrem primeiro o melanoma. Além disso, como o melanoma é uma doença que se manifesta em pessoas bastante jovens, com a idade média de 47 anos, eu certamente posso entender como as implicações emocionais são maiores para as mulheres, considerando o fato de que a doença geralmente ataca quando as mesmas têm filhos, causando a elas temores sobre quem vai cuidar de seus familiares no caso de reincidência”, explicou.

“Mas, pelo lado positivo, eu diria que as mulheres são sempre as líderes quando o assunto é cuidar da saúde de seus familiares. Não somente no caso de um melanoma, mas em todas as situações. Então, mais uma vez, quando o assunto é prevenção e mudanças comportamentais subseqüentes que certamente devem ser tomadas para limitar os riscos pós-tratamento, as mulheres simplesmente são, sempre, melhores do que os homens”, disse Rigel.