Domingo, 6 de fevereiro de 2011. Esta data ficará para sempre na história do segundo maior colégio eleitoral de Mato Grosso do Sul, com cerca de 140 mil eleitores e já atingindo quase 200 mil habitantes. Desse total, a maioria foi às urnas para escolher o novo prefeito do Municipio, numa situação extraordinária, nunca vivida antes pela comunidade. Nesta entrevista, o promotor aposentado, jornalista, advogado e professor universitário Upiran Jorge Gonçalves da Silva fala dos quase 13 mil votos alcançados pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC), uma sigla em crescimento, depois de ter somado pouco mais de 7 mil votos nas eleições de 2008 com um grupo de candidatos a vereador. O receio dos democratas cristãos residia exatamente em não conseguir ultrapassar essa margem, mas o desempenho de Geraldo Sales (prefeito) e Marcos Troquez (vice) foi alem das expectativas, fato que credencia a legenda a ser a segunda força política de Dourados, uma cidade politizada por excelência.
Por que o PSDC resolveu sair com chapa pura, em vez de se unir ao grupo liderado pelo ex-governador e agora prefeito eleito Murilo Zauith?
Upiran - O desejo da maioria dos partidários prevaleceu e o Partido Social Democrata Cristão definiu lançar candidatura própria na eleição fora de época em Dourados. Convenção realizada no Jardim Ouro Verde, homologou o nome do Geraldo Sales para prefeito e do Marcos Troquez para vice. Inicialmente havia uma proposta de aliança com o DEM, aliás, o acordo neste sentido estava bem próximo de acontecer, mas o resultado da convenção foi de lançamento de candidatura própria.
Esta decisão agradou a todos os partidários?
Upiran - Evidentemente que não. Alguns foram contra. O processo democrático funciona dessa maneira. Não poderia ser de outra forma. Porém tivemos poucos que não caminharam conosco e respeitamos o posicionamento de cada um. O PSDC continua sua escalada e hoje se apresenta como uma das forças políticas locais e seguramente um dos grupos respeitados pelo eleitorado e sociedade douradense, exatamente pela sua postura de independência, está mais do que provado o grau de maturidade dessa legenda que prima acima de tudo pelo bem comum de todos, indistintamente.
Com parcos recursos e sem tempo para levar as propostas para os quatro cantos do Município, esse posicionamento adotado não foi uma “aventura”?
Upiran - A resposta é absolutamente negativa! Jamais iríamos nos aventurar, principalmente pela decepção do povo douradense. Muita gente descrente na política por conta da postura inadequada de algumas pessoas sem responsabilidade e sem planejamento que querem ocupar postos tentando ludibriar o percurso, esse não é o propósito do PSDC. Os eleitores douradenses podem esperar da democracia cristã transparência, criatividade, ousadia e propostas condizentes com a nossa realidade.
Como os partidários reagiram à votação alcançada no último domingo, quase treze mil votos, já que pesquisas apontavam em torno de quatro e meio a cinco por cento?
Upiran - Com naturalidade. Esse é o sentimento que norteia cada integrante do PSDC em Dourados e notadamente em vários municípios sul-mato-grossenses. Essa votação evidentemente oxigena o partido em nível local e obviamente regional. Tem tudo para se transformar numa referência altamente positiva, pois conta com um programa de governo com itens centrados na qualidade de vida das pessoas. Esse momento surge como um divisor de águas no processo político além Dourados.
O que representou em termos de investimento financeiro essa eleição fora de época em Dourados para o partido cristão?
Upiran - Nosso Comitê Financeiro (Roberto Imada e Julio Saldivar) ainda não fechou as contas, o prazo termina no próximo dia 16, mas não acredito que os investimentos ultrapassem a quantia de R$ 20 mil. É importante frisar o envolvimento voluntário de pessoas abraçando a proposta do partido, nos ajudando de alguma maneira para que pudéssemos cumprir com as obrigações. Também foi louvável o papel desempenhado pelas famílias nessa caminhada, para nós vitoriosa, pois com este auxilio tivemos a oportunidade de apresentar e discutir com os eleitores o nosso programa de governo. Também salientamos o apoio dispensado pelos presidentes regional Eliseu Amarilla e da executiva nacional através do nosso líder Jose Maria Eymael.
É verdade que o seu nome foi cogitado para encabeçar este desafio?
Upiran - Positivo. Fui procurado por integrantes da diretoria executiva municipal e de pronto aceitei o desafio, colocando-me como mais uma das opções ao lado do Geraldo Sales, Marcos Troquez, Pedro Lima, Ivo Campos, Roberto Imada, o seu nome, dentre outros. Não me furtei e não me furtarei em colocar-me a disposição dessa sigla no que estiver ao meu alcance, estou no time e pronto para jogar, independente de posição, quando for chamado. E no mais, não tinha tempo de filiação, completo o primeiro ano na legenda agora no mês que vem.
Isso quer dizer que o senhor sairá candidato nas eleições de 2012?
Upiran - Como disse, estou pronto, estamos juntos num projeto por Dourados, vamos empreender esforços para alcançar novos adeptos. É necessário ousadia acima de tudo para vencer nesse campo. A política realmente é uma ciência apaixonante e requer responsabilidade e troca de experiências, sempre e principalmente com se diz no popular a ciscar para dentro.
Qual sua mensagem para quem se interessar em ingressar no partido cristão e para o prefeito eleito Murilo Zauith?
Upiran - O PSDC está aberto para novas filiações. Projetamos uma caminhada sem volta para 2012, aliás, antecipada extraordinariamente para 2012, não fazemos objeções desde que o cidadão (ã) se enquadre na nossa filosofia e que tenha principalmente senso coletivo. Para o prefeito eleito Murilo Zauith ensejamos felicidades, parabenizamos pela vitória e esperamos que possa desempenhar sua função com prudência e saiba retribuir com ações contemplativas o cargo que lhe foi confiado pelos mais de 70 mil eleitores.
