Depois de negar, por mais de dois meses, o avanço dos casos de pandemia na cidade, o prefeito Alan Guedes (PP) disse, neste sábado (29), que chegou um momento em que teve tomar “uma decisão pessoal”, obviamente ouvindo alguns técnicos no assunto, “e pelos critérios científicos”, como afirmou ao deputado Marçal Filho, que comanda programa na emissora 94FM nesta manhã, depois de ver que a UPA e o PAM “não suportavam mais”.
“Sei as implicações do ponto de vista econômico que podem resultar dessa decisão, mas depois de 14 dias certamente os números verão que tomamos a decisão correta”, disse o prefeito ao radialista-deputado, observando, em certo trecho da entrevista ao vivo na emissora, que poderá rever alguns pontos do decreto que ainda nem começou a vigorar.
“Vamos analisar a pertinência de algumas questões que podem ter ficado de fora, somos humanos, podemos errar, vamos deliberar se houver uma demanda de algum segmento que possa funcionar, aí nós vamos deliberar no conselho extraordinário criado pra isso”, emendou Alan Guedes, ele próprio membro do comitê.
Alan Guedes reconheceu que as 15 mortes, com 306 casos novos para a doença, conforme o mais recente boletim epidemiológico divulgado neste sábado (29), são o limite. “Foi difícil tomar essa decisão, mas chegou uma hora em que tive que assumir a questão”, admitiu.
O prefeito falou para as empregadas domésticas, maior público do programa de Marçal: “Não pode trabalhar nesse período”. Sobre os trabalhadores da construção civil, disse que a regra é a mesma: “14 dias dá pra aguentar”. Sobre os escritórios de contabilidade, às vésperas do último dia para o fechamento das declarações do Imposto de Renda, “certamente o Comitê vai analisar”, reparou, garantindo, porém, que esse setor “não vai poder funcionar de porta aberta”.
Guedes disse que não vê ações da Associação Comercial e Empresarial de Dourados em favor dos trabalhadores. “Reconheço a defesa dos empresários associados, eu sou associado da Aced, mas não vejo nenhuma ação em favor dos trabalhadores”, rebateu o prefeito, em contraponto à manifesto publicado neste sábado pela entidade do empresariado.
Epicentro da doença em Mato Grosso do Sul, o município atingiu neste sábado (29) mais um recorde na ‘batalha’ contra a Covid-19. Agora são dez mortes de moradores da cidade em um único dia, acrescidos de mais cinco de outras cidades da região, chegando ao pico de 15 óbitos em um único boletim, onde são confirmados mais 306 casos positivos para a doença.
O Comitê
O Comitê Extraordinário Covid-19, para cumprimento das medidas implementadas pelo decreto, ao qual incumbe dirimir eventuais dúvidas surgidas no decorrer do prazo de vigência, é formado por Guedes, pelo vice-prefeito Guto Moreira, o Procurador Geral do Município, Paulo Cesar Nunes, o secretário interino de Saúde, Edvan Moreira, o de Governo, Henrique Sartori, a comandante da Guarda Municipal, Liliane Graziele Nascimento, o Assessor de Comunicação, Ginez Cesar e o secretário de Serviços Urbanos, Romualdo Diniz.
