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Inexplicável, constrangedor e deprimente

14 junho 2018 - 22h00

Domingo passado (10/06), quando passava pela rua José Roberto Teixeira, no Jardim Clímax, observei duas crianças indígenas, com idades entre oito/dez anos, escarafunchando num latão de lixo postado diante de uma residência, a procura de comida.

O que poderia nos dizer a FUNAI (Fundação Nacional do Índio — órgão público de direito privado, criado em 1967 para tutelar os povos indígenas, subordinada ao Ministério da Justiça) com representação ricamente estabelecida na Avenida Marcelino Pires, local onde sempre pode-se contar uma dezena de veículos estacionados, que imaginamos pertencer aos funcionários que pagamos com nossos impostos, diante do flagelo da fome que assola os nativos ainda no estágio primário de integração, no caso Guaranis e Kaiwas, senhores incontestáveis da Reserva “Jaguá Piru”, localizada nas bordas do lado Norte, da cidade de Dourados, Estado de Mato Grosso do Sul, que não têm o que comer, precisando recorrer ao lixo doméstico para mitigar a fome? O que poderiam dizer?

As notícias que vemos nos jornais dão-nos conta de inúmeros assassinatos na “Reserva”, onde também acontecem estupros, tráfico de entorpecentes e a patente invasão de uma multiplicidade de pessoas, inteiramente estranhas às etnias declinadas, senhores legítimos da área que lhes foi reservada.

Embora pessoas ignorantes, desinformadas e irresponsáveis não cansem de referir-se a uma tal “Aldeia Bororo”, que faria parte da Reserva “Jaguá Piru”, mais uma vez lembramos que ali não existe essa “Aldeia” e tampouco nenhum indígena dessa etnia, a qual, na realidade, localiza-se no Leste do Estado de Mato Grosso, em Rondonópolis. Os Bororos falam a língua do tronco “Macro-jê”, muito diferente da língua dos índios Guarani-Kaiwa, que habitam a Reserva “Jaguá Piru” (Cachorro Magro).

No tempo do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) que durou até a criação da FUNAI, em 1967, havia na “Reserva” boa integração entre os índios ali residentes — Guaranis e Kaiwas — onde viviam harmonicamente em paz, produzindo o que comiam e vendendo na cidade, com suas carroças, o excedente constituído de milho verde, abóboras, mandioca e outros itens peculiares aos roçados que faziam.

Necessário é registrar que indígenas da etnia Terena, então funcionários do SPI que vieram para trabalhar na Reserva “Jaguá Piru”, com o tempo (conforme informou pessoa ligada à Missão Evangélica Caiuas), trouxeram outros, que foram engrossando a população dessa etnia alienígena, na Reserva. Os Terenas falam a língua “Aruaque” e tem seu território à margem esquerda do alto rio Paraguai (MT) e a leste do rio Miranda (MS). No passado constituíam um subgrupo dos Guanás. Portanto, na realidade são invasores na área dos Guaranis-Kaiwas, que levou ao empobrecimento destas etnias, (às quais alude-se o saudoso ex-governador Wilson Barbosa Martins, no seu livro “Memória, Janela da História”...“...os índios representavam perigo efetivo. Habitantes esparsos, mas vivendo desde tempos remotos no continente, eram ferozes e dificultavam a ação dos povoadores...” “Havia também o Guató, os Kadiwéu, Terena, KAIWÁ, GUARANI e Xaraé” “(...) O índio atormentava as posses, roubava o gado, matava os peões...”

O tempo passou, apaziguaram-se os índios, criaram-se reservas para acomodar as diversas etnias, cada uma delas na sua região de origem, criou-se o Serviço de Proteção ao Índio (SPI); depois a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e então, como testemunhamos hoje, algumas etnias — as menos espertas ficaram sem espaço, empobreceram ao ponto de ver suas crianças morrerem de fome ou de endemias — à míngua de qualquer assistência do Poder Público, embora onipresentes os órgãos destinados à assistência dos indígenas, instalados em majestosos edifícios, com uma única finalidade — amparar e assistir os indígenas — o que não acontece!

Enquanto os índios (índios) vivem confinados nas suas reservas, como os judeus nos Campos de Concentração dos Nazistas, sem voz para reclamar, os políticos encastelados no poder, que vai do Prefeito até o Presidente da Republica, passando por todos parlamentos e milhões de funcionários públicos, todos escorados nos salários cobertos com os impostos que a sociedade paga, fazem-se de cegos para os problemas que comprimem os nativos, despojados e mudos, que lhes retira até as migalhas de que precisam para não morrer de fome!

Até quando, estupefatos, vamos ter de assistir o deprimente espetáculo, encenado por crianças indígenas magérrimas e molambentas, procurando comida nos lixos domésticos, enquanto políticos corruptos roubam-lhes a comida, crime hediondo que se estende indefensável, também contra os brasileiros pobres desempregados, que pouco ou nada têm para comer!

Acordem! Aprendam a votar!

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras. ([email protected])

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