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Política

Moro questiona Lula sobre documento não assinado apreendido em sua casa

11 maio 2017 - 16h30Por Adriana Justi/G1

A Justiça Federal divulgou, por volta das 11h desta quinta-feira (11), o conteúdo do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um ângulo mais amplo da sala de audiência. O depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro foi realizado na quarta-feira (10), e durou cerca de cinco horas. O conteúdo do vídeo é o mesmo divulgado após o interrogatório.

A gravação adicional foi determinada por Moro após o pedido da defesa do ex-presidente, que solicitou uma gravação própria do interrogatório. Eles alegaram que a prática vigente não permite um registro fidedigno de todo o ato processual e expõe uma imagem negativa do réu. O juiz negou a solicitação, mas informou que poderia fazer a gravação com um ângulo mais amplo da sala.

A gravação adicional não será usada nas demais audiências.

Lula é réu neste processo da Lava Jato e responde por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele é acusado de receber R$ 3,7 milhões em propina, de forma dissimulada, da empreiteira OAS. Em troca, ela seria beneficiada em contratos com a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro foi destinado ao ex-presidente por meio do apartamento em Guarujá, no litoral de São Paulo, de reformas no imóvel e também com o pagamento da guarda de bens de Lula em um depósito da transportadora Granero.

Lula diz que nunca teve intenção de adquirir triplex

No depoimento, o ex-presidente negou ser dono do triplex no Guarujá. "Eu não solicitei, não recebi, não paguei nenhum triplex. Não tenho". Em outro momento do interrogatório, ele também negou que pretendia comprar o imóvel. "Nunca tive a intenção de adquirir o triplex."
Durante o interrogatório, Lula também negou ter orientado o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro a destruir provas documentais de supostos pagamentos de propina ao PT. "Isso nunca aconteceu e nunca vai acontecer."

Lula confirmou que visitou o imóvel, porque a OAS pretendia vendê-lo para sua família. Mas disse que não orientou nenhuma reforma no imóvel. "Eu não orientei... O que eu sei que, no dia que eu fui, houve muitos defeitos mostrados no prédio, defeitos de escada, defeitos de cozinha." O ex-presidente questionou as investigações. "Ele [Ministério Público] deve ter pelo menos algum documento que prova o direito jurídico de propriedade para poder dizer que é meu o apartamento."

O juiz questionou o ex-presidente sobre um documento de adesão de uma unidade duplex no edifício em Guarujá que depois acabou se transformando em triplex. De acordo com Moro, o documento foi apreendido na casa do ex-presidente e não está assinado.

“Então, não está assinado, doutor... Talvez quem acusa saiba como foi parar lá. Eu não sei como está um documento lá em casa, sem adesão, de 2004, quando a minha mulher comprou o apartamento [da Bancoop] em 2005.”

Contradição sobre relação entre Duque e Vaccari

O réu entrou em contradição ao ser questionado se sabia da relação entre o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Lula disse primeiro que não tinha conhecimento da relação dos dois. Depois, ele admitiu que pediu que Vaccari intermediasse um encontro com Duque.

Moro chamou a atenção do ex-presidente com relação às declarações. Veja parte do trecho:

Sérgio Moro: O senhor Renato de Souza Duque tinha alguma relação com o senhor João Vaccari Neto?

Lula: Não sei.

Sérgio Moro: O senhor ex-presidente não tem conhecimento de nenhuma relação entre os dois?

Lula: Eu sei que tinha porque na denúncia aparece...

Sérgio Moro: Não, na época dos fatos né?

Lula: Não.

Sérgio Moro: Salvo equívoco meu, senhor ex-presidente, há pouco eu perguntei se o senhor sabia se eles tinham alguma relação e o senhor falou que não. Então, o senhor tinha conhecimento que eles tinham alguma relação?

Lula: Eu pedi para o Vaccari se ele tinha como trazer o Duque para a reunião e ele disse que tinha. Isso não implica que ele tinha relação, implica que ele podia conhecer.

Quase 5 horas de depoimento

O interrogatório começou às 14h18 e terminou por volta das 19h10. O petista foi ouvido como réu pela primeira vez nesse processo, que também envolve outras pessoas.

O depoimento teve várias fases e três pausas. A primeira parte da audiência teve perguntas de Moro e respostas do ex-presidente, durante quase três horas. Depois três procuradores do MPF fizeram questionamentos a Lula, por pouco mais de uma hora. Não houve perguntas da defesa – e Lula se recusou a responder questões dos advogados dos outros réus. No fim, o ex-presidente fez suas considerações finais por 20 minutos.

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