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Polícia

Líderes do tráfico carioca estão jurados de morte

03 dezembro 2010 - 19h05Por Redação Douranews, com R7

Quebrada, do ponto de vista financeiro, após o ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, com prejuízos que já ultrapassam os R$ 300 milhões, a maior facção criminosa do Rio de Janeiro também está rachada, dentro e fora dos presídios.

Fabiano Atanázio da Silva, o FB, que controlava a Vila Cruzeiro, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, líder da facção, transferido para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, estão com a cabeça a prêmio. Eles são os principais responsáveis pelos ataques a veículos em diversos pontos da cidade que começaram no último dia 20.

FB teria sido jurado de morte pela facção, apontado como principal responsável pelo fracasso dos ataques e pelo prejuízo causado ao grupo. O insucesso de FB nas invasões aos morros do Urubu, em Pilares, e da Serrinha, em Madureira, também irritaram alguns líderes da organização.

A polícia também investiga a informação de que os ataques, que começaram timidamente no último dia 10, só se intensificaram dez dias depois porque FB teria ameaçado seus comparsas de morte caso não queimassem carros e ônibus, o que deixou aliados ainda mais revoltados.

Durante os ataques, o racha na maior facção do Estado foi comprovado nas ruas. Enquanto a zona norte do Rio concentrou grande parte das ações criminosas, nos municípios de Niterói e São Gonçalo foram registrados menos ataques.

Os criminosos que controlam a região, conhecidos com Luiz Queimado, Paulinho Madureira e Rabicó – presos em unidades federais de segurança máxima – e Luiz Cicatriz, preso no Rio, não concordaram com os ataques. Eles integram uma linha da organização mais conciliadora.

Essa linha, aliás, ganhou força depois que a estratégia de enfrentamento fracassou. A polícia tem informações de que Marcinho VP vai perder a ‘presidência’ do grupo. O controle passaria para Isaías do Borel, que levou uma surra a mando de VP por ser contra a estratégia de ataques.

Com a perda do Alemão e da Vila Cruzeiro, Marcinho VP ficou sem favela e sem dinheiro. Transferido para Porto Velho, onde está incomunicável, a sua condição de chefe do grupo criminoso fica seriamente comprometida.

Isaías: mais dedicação aos negócios e menos violência

Ao ser transferido esta semana para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Isaías teria dito a um agente federal que “eles precisavam se preocupar mais com o que se ganha do que com o que se mata”, numa referência clara à postura de menos violência e mais foco nos negócios (tráfico).

O próprio Elias Maluco, considerado extremamente violento, só teria concordado com os ataques após ser informado sobre a prisão da sua mulher, suspeita de lavar dinheiro do tráfico.

A ala mais conciliadora da facção é composta em sua maioria por criminosos mais velhos, acima dos 40 anos, como Isaías do Borel; My Thor, que comandava o Cerro Corá, na zona sul; e Porca Russa, "dono" da favela da Mandela, em Manguinhos, na zona norte. Já a ala mais violenta tem sua base nos jovens.

Uma resposta do Estado

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.