Menu
Buscarterça, 23 de abril de 2024
(67) 99913-8196
Dourados
25°C
Polícia

Operação desarticula família que liderava tráfico em sintonia com PCC no Estado

25 junho 2018 - 21h56

Quadrilha internacional desarticulada nesta segunda-feira (25) pela PF (Polícia Federal) na operação “Laços de Família” distribuía, em média, uma tonelada de maconha, que era trazida do Paraguai, para abastecer mensalmente outros estados brasileiros a partir de Mato Grosso do Sul.

19 mandados de prisão preventiva e temporária foram cumpridos nesta operação, 14 deles em Mato Grosso do Sul, nas cidades de Naviraí e Mundo Novo. Outros dois presos foram capturados em Astorga, no Paraná e três mandados foram cumpridos em unidades penais; três suspeitos estão foragidos.

Segundo o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Luciano Flores, as investigações sobre a quadrilha começaram há cerca de três anos e identificaram que uma família, do município de Mundo Novo, no Conesul do estado, que chefiava o grupo.

Em Coletiva de Imprensa na capital do Estado, Flores explicou que a quadrilha tinha traços de máfia e uma estrutura piramidal, contando, inclusive, com um polícia militar, também preso nesta segunda-feira, como um dos chefes. Flores disse que o grupo fornecia drogas para a comercialização por membros do PCC (o Primeiro Comando da Capital) e que como pagamento pelo entorpecente, recebia, além de dinheiro, joias e veículos de luxo.

No pagamento de uma destas remessas, o superintendente da PF diz que os compradores enviaram o valor da carga, R$ 300 mil em dinheiro e R$ 80 mil em joias, de helicóptero para os líderes do grupo mafioso.

De acordo com Nilson Zoccarato, chefe da Delegacia da PF em Naviraí e que coordenou as investigações na região, a família mafiosa ostentava na pequena cidade de Mundo Novo, que faz divisa com o Paraná. Os chefes moravam em mansões e utilizavam carros de mais de milhão de reais. Por outro lado, embutiam o terror, com o registro de casos de tortura envolvendo integrantes. Ele aponta que no ano passado, um dos principais chefes do grupo, acabou, inclusive, sendo assassinado.

Nos três anos de investigação que levaram à prisão da quadrilha, Zoccarato comenta que a Polícia Federal apreendeu 27 toneladas de maconha, R$ 317.5 mil em dinheiro; joias avaliadas em R$ 81.4 mil,25; duas pistolas, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga, além de prender seis pessoas.

Também foram expedidos, nesta segunda-feira, pela 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande, outros 35 mandados de busca e apreensão em residências e empresas, 136 de apreensão de veículos terrestres, sete de apreensão de helicópteros, cinco de embarcações de luxo e 25 de apreensão de imóveis (apartamentos, casas, sítios e estabelecimentos comerciais), em Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás e Rio Grande do Norte.

Das sete aeronaves apreendidas, todas no estado de São Paulo, uma, segundo Zoccarato, pertence a um dos investigados por envolvimento nas execuções de dois chefes do PCC, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em fevereiro deste ano.

Além das apreensões, o auditor fiscal José Maria Monteiro, que integra o setor de inteligência fiscal da Receita Federal, aponta que a Justiça determinou também o fechamento de dez empresas que eram utilizadas pelo grupo criminoso para lavar o dinheiro do tráfico. Ele explica que algumas destas pessoas jurídicas chegavam a funcionar efetivamente, mas que tinham receitas muito abaixo da movimentação financeira, enquanto que outras eram somente de fachada.

Além das empresas, Monteiro diz que o grupo tinha ainda cerca de 40 a 50 pessoas que eram 'laranjas' do grupo, ou seja, emprestavam nomes e contas bancárias para a movimentação econômica e registro de bens pelos traficantes, mediante uma pequena recompensa financeira.

“Detectamos pessoas que viviam em situação humilde e chegavam a ter movimentação financeira de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões, uma situação totalmente incompatível”, explica o auditor fiscal, completando que o mapeamento financeiro dos suspeitos ajudou a produzir mais provas contra a quadrilha.

“Desde 2016 a Justiça Federal compartilhou informações sobre 38 contribuintes e passamos a fazer a análise financeira, econômica e patrimonial destas pessoas. Produzimos relatórios que evidenciaram a discrepância e incompatibilidade. O padrão de via ostentado por algumas pessoas e aquilo que elas declaravam, seja para a Receita ou outros órgãos de controle. Gente que oficialmente tinha um pequeno salário e não tinha patrimônio, ou mesmo que não tinha emprego, e que morava em mansões, viajava para o exterior, andava em veículos de luxo e em helicópteros, tudo blindado por um verdadeiro laranjal”, explicou o auditor.

Com base na apreensão de drogas feita desde o início das investigações, que chegou a 27 toneladas, a PF estima que a quadrilha despachava para outros estados, pelo menos mil quilos de droga por mês. Geralmente o entorpecente era escondido em meio ao carregamento de produtos lícitos, como, por exemplo, grãos.

De acordo com o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, dos 15 presos no estado, sete deve ser encaminhados, assim que houver autorização da Justiça Federal, para o Presídio Federal de Campo Grande, em razão da alta periculosidade. Um, o policial militar, deve ser transferido para o Presídio Militar, também da capital e o restante deve ficar em estabelecimentos penais estaduais.

Deixe seu Comentário

Leia Também