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Polícia Federal suspeita que médico tenha recebido carros de luxo como propina

26 janeiro 2018 - 11h50Por Anahi Zurutuza/CGNews

A Polícia Federal apura se viagens para Miami, Curitiba e São Paulo foram pagamentos de propina da Amplimed, um das empresas alvo da Operação Again, para o cardiologista Mercule Pedro Paulista Cavalcante. O dono da fornecedora de equipamentos hospitalares, Pablo Augusto de Souza Figueiredo, teria inclusive feito a viagem internacional junto com o médico e a família.

Mercule Pedro Paulista Cavalcante Foto Marcelo Calazans

Mercule Pedro Paulista Cavalcante (Foto: Marcelo Calazans/CGNews)

A PF também investiga a compra de carros de luxo - BMW e Mercedes, que custaram até R$ 300 mil - como forma de dissimular os recebimentos “por fora”.

Apontado como um dos “cabeças” de esquema de desvio de recursos e equipamentos dos hospitais Universitário e Regional, o médico também é dono de clínica que funciona no Hospital da Cassems -Intercath Centro de Diagnósticos e Intervenção Cardiovascular Ltda. - e trabalha na Clínica Campo Grande.

Na consulta on-line disponibilizada pela Receita Federal, ele também aparece como sócio da Endocath Diagnósticos e Tratamentos Ltda., que fica em Dourados.

Mercule é autoridade no setor de hemodinâmica – método que usa técnicas invasivas, como o cateterismo, para obtenção de dados sobre cardiopatias – do HU. Ele também foi responsável por criar o serviço no Hospital da Cassems.

A pedido da PF e por determinação judicial, o médico foi afastados dos hospitais públicos e terá de usar tornozeleira eletrônica. Ele tem 3 dias para comparece ao Patronato Penitenciário da Capital, onde são instalados os aparelhos de monitoramento. Figueiredo também será monitorado.

Esquema

Além dos dois principais alvos, mais seis pessoas são investigadas. São servidores, segundo a PF.

Em entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã da quinta-feira (25), os delegados da PF, Cleo Mazzoti e Marcelo Botelho, e o chefe da CGU (Controladoria Geral da União), José Paulo Julieti Barbiere, explicaram a dinâmica usada pelo que eles classificam de organização criminosa para desviar recursos públicos.

Licitações eram direcionadas com cláusulas restritivas para beneficiar determinadas empresas, que pagavam propina ao médico e outros envolvidos. Em alguns casos, Mercule atuou diretamente nos processos licitatórios.

Equipamentos comprados pelos hospitais públicos também eram desviados pelo médico para uso nas clínicas particulares. Próteses eram utilizadas mesmo vencidas.

Além da Amplimed, a QL Med também é investigada. As duas empresas tiveram contratos, firmados em 2016 e 2017, que somam R$ 12 milhões com o HU e o HR.

A PF e a CGU se debruçaram sobre R$ 6 milhões em contratos e identificaram R$ 3,2 milhões em prejuízos aos cofres públicos.

A operação - A operação conjunta foi batizada de Again (de novo, em inglês) porque o modo de atuação do grupo é parecido com o apurado na Operação Sangue Frio há cinco anos.

Equipes foram às ruas vasculhar 20 endereços em Campo Grande, Dourados e Belém (PA).

A reportagem tentou contato com o médico pelos telefones comerciais dos locais onde ele atender, mas ele não foi localizado.