Uma jovem que teve o sonho de ser dançarina destruído pelo professor Tom Brasil, de 25 anos, suspeito de abusar sexualmente das alunas de escolas públicas selecionadas para ganhar bolsa de estudo de dança em Campo Grande conta como acontecia os supostos abusos.
A advogada que defende o professor disse que não pode dar detalhes do caso até que haja um processo contra o cliente. “O acusado sequer foi ouvido, ele sequer foi intimado a dar as suas explicações”, disse.
“A gente descia e já tinha outra menina esperando e ele começava a beijar a menina e a gente ficava olhando aí ele empurrava a gente tipo forçava a nossa cabeça para se beijar também”, disse a jovem. Quando questionada se ele tinha relação sexual com várias meninas juntas, a resposta era afirmativa: “sim”.
Segundo a vítima, a bolsa de estudo oferecia três horas de aula por semana, mas aos poucos, o professor teria pedido para que elas ficassem mais tempo na escola de dança. Uma adolescente de 16 anos conta como foi o primeiro assédio do professor.
“Dançava apertando muito e encoxando muito. Depois teve um dia que ele abaixou minha calça e entrei em pânico e falei não para não quero, não, não, não, não faz. Ele disse relaxa, não vou fazer nada que você não queira. Eu considero que dessa vez já foi um estupro porque eu pedi que não, eu não queria né?”, lembrou a vítima.
A primeira denúncia contra o professor foi feita no fim de setembro, quando uma bailarina expôs em uma rede social que teria sofrido assédio e que manteve relações sexuais com o professor porque se sentia ameaçada.
A jovem contou à polícia que ela e outras alunas tiveram relações sexuais com o professor quando eram menores de idade. “Estava insegura porque eu não o conhecia, era muito nova, não tinha noção do que era sexo. Depois disso não parou mais. Ele sempre fazia esquema de joguinho ele vinha na gente e pedia para não contar pra ninguém. Se você sair, eu vou acabar com você na pista, falou coisa desse tipo”, disse.
Na época o professor Tom Brasil alegou que estava sendo vítima de calúnia e registrou boletim de ocorrência.
A delegada Marília de Brito, da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), afirmou que já foram instaurados oito inquéritos. Além disso, a polícia investiga suposta gravidez de duas jovens e uma delas teria tido filho do suspeito.
“A prática do estupro ele usava efetivamente da violência e da grave ameaça e em sequência ele conduzia essa situação com a vítima praticando violência psicológica e moral. Ele denegria a imagem daquela vítima falava que ela não conseguiria dançar em outro lugar”, afirmou a delegada.
A Justiça decretou a prisão preventiva do professor que continua foragido. A defesa entrou com pedido de habeas corpus.
