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Polícia

Homem é condenado a pagar R$ 100 mil por manter esposa em cárcere privado por 20 anos

19 setembro 2017 - 15h17Por G1/MS

O ex-marido da dona de casa Cira Igino da Silva, que foi mantida em cárcere privado por ele durante 20 anos, foi condenado a pagar R$ 100 mil de indenização por danos morais. Decisão do juiz titular da 15ª Vara Cível de Campo Grande, Alessandro Carlo Meliso Rodrigues, foi divulgada no site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) nesta segunda-feira (18).

Como Cira morreu com câncer em abril de 2015, aos 45 anos, o valor deverá ser repassado aos filhos na condição de herdeiros, de acordo com a sentença.

A Defensoria Pública de Defesa da Mulher ingressou com a ação de reparação de danos morais logo após a primeira condenação criminal do homem. Hoje, ele está em liberdade condicional.

Cárcere

A violência doméstica contra Cira foi descoberta em dezembro de 2013, após denúncia de uma agente de saúde. Ela morava com o marido e filhos em uma residência do bairro Aero Rancho, era agredida e não podia sair do imóvel sozinha.

Quando o cárcere foi descoberto, Cira tinha hematomas no corpo e dentes quebrados, segundo a polícia, por conta da violência. O marido foi preso.

Os muros da casa onde a família morava tinham mais de dois metros de altura e o portão não possibilitava visão para a rua. O imóvel não possuía banheiro adequado, nem chuveiro ou vaso sanitário.

Na época, as crianças, de 9 e 13 anos, frequentavam apenas a escola. O menino de 5 anos só ficava em casa por conta de não ter idade escolar e um adolescente, de 15, não estudava porque o pai não permitia.

Em junho de 2014, a 2ª Vara de Violência Doméstica condenou o réu pela prática dos crimes de lesão corporal, constrangimento ilegal e ameaça, em relação à mulher. Em janeiro de 2015, o pedreiro foi condenado pela 7ª Vara Criminal como incurso nos crimes de maus-tratos e de constrangimento ilegal em relação a seus quatro filhos.

História

Cira nasceu em Minas Gerais e foi para Mato Grosso do Sul com a família. Trabalhou como doméstica e, aos 22 anos, foi morar com o suspeito na capital sul-mato-grossense.

Em relato na época, Cira contou que companheiro passou a ficar violento após o nascimento do primeiro filho do casal. Desde então, na versão da mulher, o adolescente e os irmãos testemunharam o pai agredir a mãe e também foram vítimas dele.

Ele trabalhava como servente de pedreiro, passava o dia fora da residência e, apesar de ficar com as chaves do imóvel, ela não fugia do local e nem denunciava a situação por conta das ameaças que recebia e também por causa dos filhos.

No dia 14 de abril de 2015, Cira faleceu. Segundo informações da família, o tumor maligno tinha sido descoberto três meses antes e estava em estágio tão avançado que não deu tempo para iniciar tratamento.