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Polícia

Marqueteiro diz ter tratado de caixa 2 com Delcídio em sauna de sua residência

12 maio 2017 - 13h43Por Douranews

A empresária Mônica Moura e seu marido, o marqueteiro João Santana, disseram em colaboração premiada que o ex-senador Delcídio Amaral, exigiu que parte dos pagamentos pela campanha ao Senado em 2002 fosse feita via caixa 2, por meio de depósito no exterior.

De acordo com anexos da colaboração do casal à Lava Jato, a negociação com o marqueteiro foi feita numa reunião dentro da sauna da casa do ex-senador, em Campo Grande.

Na época, Delcídio era secretário estadual de Infraestrutura no Governo de Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul. “João Santana foi convidado, de forma inusitada, a conversar dentro da sauna, pois claramente Delcídio visava a preservar informações quanto a valores e forma de pagamento”, diz trecho do documento.

O acordo de delação firmado entre Delcídio com a Lava Jato, não consta este suposto caixa 2. Procurado pelo Jornal Estadão, o advogado do ex-senador, Antônio Figueiredo Basto, disse que seu cliente não reconhece os fatos relatados pelo casal como verdadeiros. Por esse motivo, segundo ele, o episódio não foi tratado na colaboração. “Conversa em sauna? Se ele tivesse cautela para conversar com as pessoas, não teria acontecido o que aconteceu”, comentou.

Delcídio do Amaral foi preso no fim de 2005, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) após ter sido gravado numa conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e outras pessoas em suposta tentativa de atrapalhar investigações da Lava Jato.

O marketing da campanha de Delcídio para o Senado foi orçado em R$ 4 milhões, disse Monica e João Santana. A metade teria sido paga “por dentro” e a outra metade, por meio de depósito feito por uma offshore na conta Shellbill, de João Santana, na Suíça.

Anexo da delação

O anexo de delação premiada é o documento em que o delator informa ao MPF o que irá contar no processo de delação.

A colaboração de João Santana, assim como a de sua esposa, Mônica Moura e de um funcionário do casal, André Santana, foi assinada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso significa que, a partir de agora, o que foi dito à Lava Jato pode ser usado para embasar abertura de inquéritos ou reforçar investigações já em curso.

Os anexos da delação do casal se tornaram públicos ontem, quando o ministro Luiz Edson Fachin derrubou o sigilo da colaboração premiada. Enquanto Mônica Moura tratava de negociação financeira, João Santana ficava responsável pelo contato com os principais líderes políticos.