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Polícia

PRF acusado de assassinato diz que treinamento não diminui a instintividade do tiro

20 abril 2017 - 11h43Por Juliene Katayama/G1

O policial Rodoviário Federal (PRF) Ricardo Su Moon acusado de matar a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento, durante uma briga de trânsito, na avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande, no dia 31 de dezembro de 2016, afirmou durante audiência nesta quarta-feira (19) que o treinamento para atirar não diminui a instintividade do tiro.

“O tiro instintivo é diferente da habilidade com a arma”, afirmou o policial ao juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, localizada no Fórum de Campo Grande. O policial disse que ganhou cerca de oito prêmios em campeonatos de tiros.

Ricardo sustentou a tese de legítima defesa alegando que achou estranho a perseguição do empresário ao parar atrás dele no semáforo vermelho quando não havia mais ninguém na via, por volta das 5h30 (de MS), e quando avançou a caminhonete contra ele depois de descer do veículo.

“Assustou ainda mais por causa do perigo de assalto”, disse o policial. Ricardo afirmou que não conseguia ver os passageiros do veículo pelo retrovisor por causa da escuridão. “Bateu nas pernas, quando me ergui vi algo nas mãos do Vinícius e atirei. Ele avançou a caminhonete e pulei para o lado”, contou.

O policial afirmou que há uma normativa na Polícia Rodoviária Federal que proíbe de atirar nos pneus como alerta. “Na posição que eu estava não tinha visão dos pneus e não dava tempo. Foi tudo muito rápido. Somos proibidos de atirar por advertência”, disse.

Ricardo disse que continuou atirando porque a caminhonete não parou. “Eu vi que a caminhonete ia passar em cima de mim”, afirmou. Segundo a perícia, o policial efetuou sete disparos contra o empresário e os outros dois passageiros da caminhonete.

O policial afirmou que a quantidade não foi excessiva porque ele estava com uma pistola semiautomática de 11 projeteis e as vítimas estavam ameaçando-o. “Excesso seria se eles tivessem cedido. Não haviam cedido. O carro continuava vindo para cima de mim. Depois de engajada, com leve toque ela dispara”, disse.

Além disso, Ricardo explicou que teve de conter o empresário porque ele estava cometendo um crime ao dirigir embriagado. Como PRF ele é impedido de agir administrativamente, como aplicar uma multa. “Como foi um flagrante delito, eu como PRF devo agir em todo território brasileiro”, explicou.

Outro depoimento

Nesta quarta-feira também foi ouvida uma ex-funcionária do empresário e que trabalhava de caixa da boate onde Adriano e os amigos estiveram momentos antes do ocorrido. Ela disse que o empresário ia quase todos os fins de semana no local e que bebia socialmente, mas que naquele dia não havia comprado bebida alcoólica.

“Brincava muito, não tinha tempo ruim, ria muito, era difícil notar que ele estava bêbado”, disse a caixa. Ela contou que o adolescente estava bem alterado e o outro amigo estava um pouco alterado.

Entenda o caso

O crime aconteceu na avenida Ernesto Presidente Ernesto Geisel, na esquina da Rua 26 de Agosto. Após uma briga de trânsito, o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon começou a disparar com uma arma de fogo contra a caminhonete de Adriano. Agnaldo Espinosa da Silva, 48 anos, e o filho, de 17 anos, também estavam na caminhonete, que foi atingida por sete tiros.

Adriano foi atingido em regiões vitais, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Ele morreu no local.
O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Carlos Alberto Garcete, aceitou em parte a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon.

No mesmo despacho, Garcete concedeu liberdade provisória ao policial rodoviário federal, com a aplicação de medidas cautelares. Ricardo Moon teve suspenso o direito de portar arma de fogo até o julgamento do processo, terá que ficar em casa no período noturno e usar tornozeleira (monitoramento eletrônico) durante seis meses.