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Opinião

No olho do furacão

24 setembro 2010 - 12h54Por Carlos Marinho

Há muitos anos não víamos a população de Dourados tão empolgada num período eleitoral como nesse ano. Aflorava nas pessoas um sentimento de bairrismo jamais visto, desencadeando movimentos e ações que nos faziam acreditar que a representatividade poderia ser resgatada e teríamos de novo pelo menos quatro ou cinco deputados estaduais, quem sabe três federais e até a possibilidade de eleger um senador estava sendo, mesmo que de forma velada [para não espantar], olhada com ares de otimismo.

Porém - há que se lembrar - desde o início dos movimentos “campanheiros” o prefeito insistia em “desandar a maionese”. Num momento estava aos beijos e abraços com um, minutos depois com outro, e assim por diante, quantas vezes fossem necessárias.

E essa atitude prenhe de volubilidade acontecia em todos os níveis eleitorais, ou seja, para presidente da República, para governador, senador, deputados federais ou estaduais.

Quem se aproximava dele e oferecia um “docinho qualquer” era imediatamente alçado a condição de apoiado... de “meu candidato”...

Mas o tempo foi passando e o prefeito começou a “peneirar” as aproximações, olhando tão somente para aqueles que tinham condições de trazer maior volume de recursos, sempre usando o jargão que fez parte de sua campanha eleitoral; “Se ajuda eu, eu ajudo ele”, dizia, sem se importar de qual partido era o “novo amigo”.

E assim foi atropelando as decisões partidárias, as parcerias... tudo virou um grande negócio. E até então se acreditava que ele estivesse realmente trabalhando para trazer mais e mais recursos para Dourados.

E, de certa forma, era isso mesmo. Só que havia um lado obscuro que muitos previam, imaginavam, mas ao mesmo tempo, por ser uma atitude que chegaria às raias da extrema sordidez, ainda pairava como uma grande dúvida.

As campanhas foram iniciadas formalmente e então, pode-se ver que as “loucuras” do moço haviam se tornado realidade.

Abandonar os que ajudaram, os supostos amigos, os parceiros, foi uma ação tão clara e tranqüila de sua parte que até hoje muitos ainda estão boquiabertos, desacreditando até mesmo daquilo que vêm.

Mas o que ninguém sabia é que Dourados está na rota das intempéries... e um furacão se abateu sobre a cidade, com suas nuvens negras, rastro de destruição, tragédias...

Jamais se viu um estrago tão grande nas terras douradenses...

Como num filme, um “agente secreto” se infiltrara no meio das articulações e armações, colhendo para a Polícia Federal todos os ingredientes para formar o olho do furacão. E conseguiu ganhar, com extrema facilidade, dos “Twisters” da vida...

Incrédulo, embasbacado, perdido... e tantos outros adjetivos afins se fizeram realidade para nosso povo que, mesmo com tudo isso acontecendo ainda “sonha em estar sonhando”.

Dourados ganhou notoriedade na mídia nacional, na mais negativa das formas, envergonhando a cada um que nessa terra vive e por ela sempre torceu...

Foi como uma família perder seu chefe... um navio ver seu comandante morrer... uma cidade ficar órfã... literamente órfã.

Cidade com grande percentual de gente humilde, mas trabalhadora e honesta, que acreditara naquele “Robin Hood” dos novos tempos... o homem que viria para nos salvar, tirar da miséria, nos fazer sentir o gosto de ser um cidadão em condições de igualdade com qualquer outra pessoa...

Dourados se tornou um iceberg descolado dos pólos... perdido... sem rumo...

Mas quem sabe essa lição servirá para que tenhamos, de agora em diante, mais consciência, mais responsabilidade, mais discernimento na hora de escolher representantes...

Que a lição se faça justa e que saibamos aproveitar tudo que esses dias vêm nos ensinando, para que depois desse furacão não venham terremotos, maremotos, vulcões ou qualquer outra tempestade que nos faça ficar novamente no olho do Uragano.