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Opinião

O mal amado

21 setembro 2010 - 21h01Por Davi Roballo

Não há nada bom nem mau a não ser estas duas coisas: a sabedoria que é um bem e a ignorância que é um mal. Platão

A inveja é o primeiro indicio da incompetência, por ser um dos subterfúgios que os mal amados utilizam para atingir seus objetivos que na maioria das vezes são tão insignificantes e pobres quanto seus espíritos. Fazem parte desse rol, todas as pessoas que preferem delatar, caluniar e viver chafurdado na podridão para ganhar reconhecimento imerecido.

Infelizmente não há quem esteja livre dessas aves de rapina, desses velhacos que se comportam como vampiros a sugar as energias, projetos e a paciência de quem luta honestamente para conquistar um espaço digno nesse mundo competitivo. Esses sujeitos são identificados por estarem sempre falando mal das pessoas, mesmo as que lhes alcançam muitas vezes o pão e solidariedade pelo abandono afetivo em que vivem.

Apresentam também, uma falsa reação súbita de carinho e devoção a pessoas que não pertencem ao seu quadro social e nem possuem vínculo de consanguinidade. Essas aberrações, são rotineiramente encontradas em repartições públicas, seus ninhos de proliferação.

Todos esses espectros de homem, que passam pela vida e não vivem, são como “O mal amado”, que desde a sua mais tenra infância demonstrava pendores para a adulação. Dedurava seus irmãos quando cometiam picardias infantis. Adulava seus professores, principalmente os mestres de disciplinas nas quais tinha maior dificuldade,  ao mesmo tempo em que os invejava e falava mal deles. Estava sempre a lisonjear o líder do time de futebol para deixá-lo jogar. “O mal amado” não conseguia sequer dar um passo, sem delatar alguém e isso se transformou num vício que carregou por toda sua vida, muitas vezes prejudicando a si e aos seus...

“O mal amado”, certa vez, trabalhando num determinado lugar, graças a um  ato de “caridade” proveniente de pessoas bondosas, pois estava entregue às moscas e ignorado até mesmo pelos cães de má vida que vagueiam pelas ruas, não contendo sua inveja tratou de perseguir um beletrista, simplesmente por ele reunir todo o sucesso que ele buscara a vida inteira. Acusou seu desafeto de praticar outra atividade “extracurricular” ao trabalho desenvolvido naquele lugar. Nessa oportunidade de delação,“O mal amado” estava radiante com a boca à espumar nas laterais por tanta euforia que lhe causava fazer mal à alguém. O beletrista foi apenas uma de suas vitimas que ousaram simplesmente brilhar mais que ele.

“O mal amado”, por ser um espectro de homem, dedicava todos os momentos de sua existência a cuidar da vida alheia e,  a enaltecer seu chefinho, tinha-o como o primeiro e único! Adulava tanto seu chefe, que se tivesse como, certamente o substituiria na hora das necessidades fisiológicas. Prestimoso, estava sempre pronto para ser empregado a qualquer momento, inclusive fins de semana, mas, virando às costas falava mal de todos, até mesmo do  chefe.

No trabalho, quando por um erro, lhe concederam um cargo de chefe, agia como um tirano, humilhando a todos, por ser untado de ignorância, petulância e pedantismo acentuado. Nas reuniões do quadro de funcionários, “O mal amado” sempre tinha um recado a repassar para seus camaradas, que tinham vontade de esganá-lo, por ser quase ancião e se portar como um débil a proferir recados sem contexto e sem sentido. Na verdade o que “O mal amado” queria era ser notado, tamanha sua carência afetiva.

Por ser um servil cínico, “O mal amado” realmente não tinha vergonha na cara, era um canalha de primeira linha, sem princípios éticos, não se importava com os amigos que perdia, não se dava conta que se portava como um pestilento a espantar todos que se encontravam aonde ele chegava, simplesmente por ser indesejado. E os que permaneciam ficavam em absoluto silêncio, pois “O mal amado” nunca soube guardar segredo, pois, dedurar seus colegas dava-lhe prazer. Todas essas artimanhas lhe ocasionaram um isolamento extremo que se estendeu a sua família, que nada tinha a ver com suas infantilidades.

“O mal amado”, se fosse preciso vendia a mãe, cruzava por cima de quem quer que fosse para conquistar seus objetivos por reconhecimento e evidência. Objetivos tão medíocres quanto ele. Dizem as pessoas experimentadas pela vida, que o fim de “O mal amado” será um asilo, onde nem mesmo os enfermeiros o aguentarão. Certamente ficará no asilo abandonado por todos aqueles que deveria ter lutado e conquistado com a amizade verdadeira.“O mal amado”, com certeza, mesmo  com todo o abandono e o preconceito ocorridos por seu modo de vida, continuará a delatar, a dedurar e a infernizar a vida de seus futuros colegas de asilo. Que  Deus os proteja!

O autor é Jornalista
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