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Opinião

“...De prefeito a vizinho de Beira-Mar...!”

23 outubro 2010 - 16h03Por Waldemar Gonçalves - Russo

Ao longo da minha trajetória de vida, hoje com 50 anos, já comi caviar, mais também capim amargo sem sentir o gosto, no entanto, mesmo quando estava bem de situação financeira, jamais fui soberbo e sempre que podia ajudava as pessoas de bem que me cercavam, e quando estava numa braba, como me encontro nos dias de hoje, jamais me esmoreci, pois sempre acreditei -e acredito- que fases boas e ruins na vida do ser humano, digamos assim, faz parte e temos que aprender a conviver com isso.

Por outro lado, ao longo de minha vida, sempre trago dentro de mim, uns conselhos de meu pai, e embora tenha perdido ele quando ainda tinha 15 anos, jamais esqueci ou deixei de entender, o que ele queria dizer quando falava para mim e para o meu irmão, “para que nós perdêssemos tudo na vida, menos o sobrenome dele” ou então “sejam pobres, mais vagabundos, safados, não” e também nos dizia “por mais que seja doida a verdade, não usem a mentira como balsamo”, entre outras frases de efeitos, que até nos dias de hoje, ainda reflete bem dentro do meu eu.

Como resultado dos conselhos, não posso deixar de relatar aqui que o meu irmão, que era mais velho do que eu, por ter ignorado as orientações do velho, acabou se perdendo na vida, e como resultado trágico, por ter virado um bandido, um safado digamos assim, acabou sendo assassinado a facadas, por um comparsa, quando estava na área central de Curitiba, fato este ocorrido no início da década dos anos 80.

O leitor deve estar se perguntando o que têm a ver o titulo deste artigo acima como esta explanação que fiz envolvendo meu pai, eu e meu irmão, mais explico, pois entendi nas orientações do velho, de que aquilo que plantamos, mais cedo ou mais tarde, teremos de colher e isso é fato, pois “quem planta capim, não colhe alface”, e o Ari Artuzi, infelizmente para o azar de Dourados, que está ainda tonta com o furacão que passou por aqui, está digamos assim, pagando pelo mal que fez em todos os sentidos, bem como a sua esposa e os seus companheiros, que acabaram sucumbindo nas mãos dos federais na manhã do 1º dia de setembro deste ano, depois dele ter saído lá de São Valentim, no Rio Grande do Sul, para num tempo recorde de moradia na cidade que o acolheu, assim como acolheu a mim e milhares de pessoas, chegar ao cargo máximo da sociedade, que é o de prefeito.

Fazendo valer aqui o ditado do sambista carioca Bezerra da Silva, de que “chapéu de otário, é marreta”, o “Valdecir” tinha tudo nas mãos para marcar a sua trajetória de vida de forma positiva e límpida, uma vida vencedora, se ele a tocasse, de forma honesta, correta e com temor a Deus principalmente, como deve ser o homem, seja publico ou não, uma vez que ser honesto não é obrigação, mais sim, princípios do bem, que acredito devem vir já do berço e dos ensinamentos obtidos dentro de nossos lares, e pelo visto, o até então prefeito, ao que parece, não deve ter dado muito ouvido pelos aconselhamentos de seus velhos pais e deu no que deu, hoje é vizinho de um dos maiores narcotraficantes do país, o também carioca Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar” para os “íntimos” ou simplesmente “Beira-Mar”, nas dependências -pra não dizer celas- do Presídio Federal de Campo Grande.

Com característica supostamente de ser uma pessoa humilde, o “Valdecir” por aqui aportou com uma mão na frente e a outra atrás e ajudado pelo saudoso Dioclécio Artuzi, este sim, um grande homem que por esta terra passou, foi crescendo, crescendo, e na sua trajetória de vida na cidade que tão bem lhe acolheu, chegou à presidente da associação do então novato bairro do Jardim Canaã I.

Como presidente da associação, ali o “Valdecir” passou a maquinar em sua mente doentia acredito eu, a entrar no mundo da política, e foi favorecido é claro, com a morte de seu tio, até então, um vereador genuinamente do povo, pois Dioclécio Artuzi era sim assistencialista, porém repito, era também uma pessoa muito honesta e principalmente querida em todos os cantos da cidade.

Com a morte do tio, “Valdecir” então partiu para a política com o intuito de substituí-lo, e contando com o apoio do “povão” não foi difícil chegar a uma das 17 vagas da Câmara Municipal, onde ficou por dois anos no cargo.

Já demonstrando ambição e com uma mente fértil, o “Valdecir” partiu para sonho mais alto, que é normal na vida do ser humano, e com pouco mais de seis mil votos e por estar filiado a um partido pequeno, conquistou uma das 24 vagas da Assembléia Legislativa, e posteriormente se manteve nas condições de parlamentar, ao receber a maior votação da história da cidade, que volto a repetir, tão bem o acolheu, quando conquistou mais de 30 mil votos.

Reeleito deputado Estadual, “Valdecir” amparado por um grupo político e de empresários sedentos para tomar Dourados de assalto, em disputa com o vice-governador e empresário Murilo Zauith e com o professor universitário Wilson Biasotto, chegou ao casarão da Coronel Ponciano, após o “povo” lhe consagrar nas urnas, na esperança de que ele seria mesmo o “salvador da pátria” deles, já que as promessas feitas em campanha foram muitas, principalmente nas áreas de saúde, com postos de saúde 24 horas abertos, inclusive à noite, na educação, enfim, mirabolantes promessas que acabaram iludindo as pessoas que nele acreditaram.

Eleito prefeito, começou assim, a trajetória de “Valdecir” rumo ao Presídio Federal, para ser vizinho do mais badalado narcotraficante do país, “Beira-Mar”, sem antes é claro, de mandar junto com ele, a esposa, empresários, secretários e vereadores, também para trás das grades.

Hoje, salvo “Valdecir” que está guardado ao lado do “Beira-Mar”, todos os envolvidos nos crime citados pelos agentes federais na operação “Uragano”, após serem acusados de estarem “deitando e rolando” nos cofres públicos, estão no aguardo do tão esperado habeas corpus para ganharem as suas liberdades, e daqui do lado de fora, a nossa cidade tenta voltar ao normal, após a passagem do furacão, que enlameou o nome dela, no país inteiro, porque não, mundo inteiro.

Depois desta, parei e fui, mais volto, no entanto, espero que no próximo pleito eleitoral, o nosso povo tenha mais consciência na hora de votar, para que no futuro, não possamos ter que ver novamente o mundo inteiro falando, que o prefeito de nossa cidade, por ser acusado de safado, um verdadeiro ladrão, está trancafiado na cadeia, ao lado de um “Beira-Mar” qualquer da vida como está o “Valdecir” nos dias de hoje...!.

*Waldemar Gonçalves, o Russo é jornalista e membro do Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados