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Opinião

Crônicas em retalhos: o retorno

16 outubro 2010 - 20h02Por Wilson Valentim Biasotto

Recordações: Dizem que os brasileiros têm memória curta. Não acredito, penso que todos devem se lembrar que na campanha de 1989, Lula foi derrotado, especialmente após Collor de Mello e a Globo exporem à exaustão a figura de Miriam Cordeiro, dizendo que Lula desejava que ela abortasse.

Novamente o aborto: Nessa campanha de 2010 o assunto volta à tona e tanto a direita golpista quanto algumas tendências religiosas querem por que querem a todo custo impor a Dilma o ônus de defensora do aborto. Mas como disse Frei Beto, nunca se ouviu ou leu qualquer menção de Dilma favorável ao aborto..

Terrorismo: É verdade que esse tipo de questão somente é levantado na hora do desespero. Antes se tenta impor aos candidatos de esquerda a pecha de subversivos, guerrilheiros, terroristas, etc. Se essa marca não pegar, como não pegou em Dilma, então se apela para a questão da vida.

Respeito: Tenho o maior respeito pelas opiniões dos outros e especialmente pela opinião expressa pelo povo nas urnas. A pluralidade e a diversidade nos enriquecem não nos empobrecem. Se o eleitor escolher Serra porque ele representa o neoliberalismo, porque vai voltar aos tempos de Fernando Henrique, porque vai colocar pedágios para melhorar as nossas rodovias, devemos respeitar a vontade dos eleitores.

Ainda o respeito: Da mesma forma deve-se respeitar os eleitores que escolherem Dilma por ela ser continuadora da política posta em prática por Lula, por ela defender a Petrobrás e demais empresas públicas, por ela ter feito aliança com o PMDB.

Aversão: Deve-se repelir, no entanto, campanhas difamatórias. Falar que não vota em Serra porque durante a ditadura militar ele ficou degustando vinho chileno ou não votar em Dilma porque não defende a vida, é pura baixaria.

Em Dourados: Não adiantou Lula ter trazido a UFGD, ampliar a rede de esgoto, recuperar rodovias. Nada adiantam também as quatro universidades. O latifúndio, aliado ao DEM da iniciativa privada continua determinando os rumos de nossa política.

O ultrapassado: Ari Artuzi foi eleito porque parecia ser aos olhos dos eleitores algo novo, ainda mais novo que o PT. A verdade, no entanto é que representava o que de mais velho existe na política. Caiu porque assim como Collor, extrapolou todos os  limites.

O retorno: Com a queda de Ari, mexeu-se daqui, mexeu-se dali, fizeram Eduardo Rocha prefeito e ele trouxe de volta ao cenário político douradense Idenor Machado e Ubirajara Garcia Fontoura.

No voto a voto: elegeram-se Marçal Filho e Geraldo Resende, ambos do PMDB. Imagine o eleitor o cenário político para 2012.

Mais retorno: Mexe-se novamente daqui e dali, Délia Razuk, preliminarmente endeusada por Passaia, é eleita presidente da Câmara. Deveria assumir a prefeitura imediatamente após a sua eleição, mas como a Justiça se esqueceu que Carlinhos Cantor não estava afastado, esperou-se primeiro uma medida que o afastasse, para então, na véspera do feriadão, que é sempre uma época de grande desmobilização, fosse empossada prefeita. Então voltam à cena Antonio Nogueira e com ele todo o arcabouço do velho PMDB.

A surpresa: A grande surpresa, ao menos para mim, foi a nomeação de Maurício Rasslan para a Secretaria de Governo. Bibico, como é conhecido pelos mais próximos, é filho de Sultan Rasslan, combativo vereador e deputado constituinte de Mato Grosso do Sul e de Irene Nogueira Rasslan, insigne professora douradense, aposentada pelo CEUD/UFMS. O advogado Maurício Rasslan foi assessor jurídico da Câmara Municipal de Dourados onde desempenhou bom trabalho.

Em resumo: Golpeados com ferimentos graves o PT de Zeca e de João Grandão e ao mesmo tempo Murilo Zauith, André Puccinelli aparece como símbolo maior desse retorno ao passado, tanto em relação ao Estado de Mato Grosso do Sul quanto em relação a Dourados. Os métodos de André, no entanto são pouco republicanos. Sua vitória, assim como a de Ari Artuzi está envolta num emaranhado de ações nebulosas que se bem entendo jamais serão esclarecidas porque como o próprio André já proclamou várias vezes, nunca perdeu uma causa na justiça.

A esperança: A esperança douradense volta-se para os movimentos sociais que defendem novas eleições para a Prefeitura e para a Câmara Municipal, pois entendem esses movimentos, assim como particularmente também entendo, que qualquer solução que não seja novas eleições, será golpe. No entanto, é triste, mas verdadeiro, o clamor popular não resiste ao tempo.

Suas críticas são bem vindas: [email protected]

O autor é membro da Academia Douradense de Letras; aposentou-se como professor titular pelo CEUD/UFMS, onde, além do magistério e desenvolvimento de projetos de pesquisas, ocupou cargos de chefia e direção.