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O vírus do preconceito

01 abril 2020 - 17h30Por CLÓVIS DE OLIVEIRA

Coronavírus. Esse é o novo nome que se dá às estatísticas furadas, ao desencontro de números, às informações mal dadas e à confusão mental que se formou no inconsciente popular diante da pandemia decretada pela Organização Mundial de Saúde depois que uma revoada de morcegos foi parar na goela de chineses que, aos borbotões, procuram o que comer na república socialista.

Sintoma equivalente ao das doenças do começo do século, o corona surge como mais novo sinônimo do preconceito que cerca infectados e supostos futuros contaminados com o vírus.

Veja relato do senador Nelsinho Trad, de Mato Grosso do Sul, um dos primeiros brasileiros a contraírem o vírus depois de integrar comitiva do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos:

“No elevador tinha um recado falando que uma das pessoas do prédio, no caso eu, estava com a doença. Eu tenho consciência do fator discriminatório. Mas eu olhava aquilo e pensava: eu vou vencer. A doença gera medo, eu entendo, mas também teve muito vizinho que ajudou trazendo sopa, pão de queijo, cachorro-quente...Tudo bem que eles deixavam na porta e vazavam”, diz Nelsinho, agora rindo, ao site Campo Grande News, depois de recuperado.

Da mesma forma, imagine-se você, empresário bem estabelecido, socialite da moda, figura proeminente no mercado, o que vão pensar se souberem que você contraiu o corona? ‘Credo, nunca mais entro na loja daquele sujeito, vai que tem mais gente com essa doença terrível’, será o mínimo que vão dizer, começando pelos seus amigos mais chegados, para evitar a disseminação.

Igualmente, serão esses mesmos amigos que estarão ‘inventando’ reuniõezinhas para desestressar na quarentena e, não raro, juntando pequenos aglomerados de pessoas, potencialmente candidatos a tornar o vírus ainda mais ativo. E a culpa ainda é do chinês?

Por isso, quando o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, fala que “certamente” há muito mais do que os contabilizados 48 casos confirmados da doença, e um óbito, ele está sendo minimamente sincero. E o Comitê de Dourados, que comemora só dois casos de infectados em isolamento, também utiliza, sabiamente, esses números como sinal de alerta para que as pessoas adotem a cautela necessária.

Quer saber, mesmo, então, como você e eu podemos evitar o alastramento disso tudo, incluindo o controle sobre a discriminação cultural?

#fiqueemcasa

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