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Opinião

A plenitude da História: Tenente Antônio João Ribeiro

26 novembro 2016 - 10h45Por José Alberto Vasconcellos

vasconcellos coluna A Comissão de Revisão Histórica de Dourados sugere “alterar a data de aniversário de Dourados, comemorada em 20 de dezembro e, de retirar do brasão do município, a frase “Terra de Antonio João”. Em 25.08.2009, num artigo, relacionado com o Brasão de Dourados e o Tenente Antonio João, escrevi: “...convenhamos, caríssimos douradenses, não é lícito grafar no brasão do município de Dourados “DOURADOS – Terra de Antonio João.” É distorcer a verdade e usurpar o direito de Poconé, no estado de Mato Grosso, local do nascimento do Tenente Antonio João Ribeiro. O brasão do nosso município confunde a história e induz em erro aos menos avisados...”

Hoje penitencio-me pelo que escrevi naquele dia. NÃO É SÓ DOURADOS, O BRASIL INTEIRO É TERRA DE ANTONIO JOÃO RIBEIRO! Para corroborar essa assertiva e corrigir meu anterior entendimento, louvo-me, no livro intitulado “Maldita Guerra”, de autoria de Francisco Doratioto (Companhia das Letras, ed. 2002, pág. 104), verbis: “Resquin ocupou a localidade de Nioaque (…) Enquanto isso a outra coluna invasora, comandada pelo capitão Martin Urbieta, atacou e conquistou a colônia militar de Dourados (02.01.1865), defendida por apenas dezoito soldados. O comandante brasileiro, tenente Antonio João Ribeiro, ordenou aos colonos — uns cinqüenta — que fugissem, e escreveu ao seu chefe, coronel Dias da Silva, que “sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo da minha pátria.” (sic).

O tenente Antonio João Ribeiro tombou, dedicando sua vida à Pátria que defendia — o Brasil ! “...meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo da minha pátria.” A PÁTRIA DE TODOS OS BRASILEIROS. É nossa a Pátria que ele defendeu — a guerra era contra o Brasil! — fazendo do seu sangue um protesto solene, contra os invasores do solo da sua Pátria, o Brasil, claro!

Então Poconé (MT), Dourados (hoje MS), ou qualquer outra cidade do Brasil, independente da data da sua fundação — antes ou depois de 02 de janeiro de 1865 — devem homenagear o Tenente Antonio João Ribeiro, reconhecendo que qualquer fração do território nacional, é TERRA DE ANTONIO JOÃO, ou melhor terra do Tenente Antonio João Ribeiro, para ser mais claro, homenageando também, o seu nome de família: RIBEIRO.

Assim devemos entender, defender e divulgar o heróico ato do nosso soldado comandante, que com dezoito comandados enfrentou o exército paraguaio, na guerra que seria chamada de “Tríplice Aliança”.

Havemos, ainda, de cobrar dos órgãos públicos, mais especificamente da Prefeitura de Dourados, que seja removida a estátua do Tenente onde se encontra, na Praça Antonio Alves Duarte (defronte ao Hospital Evangélico), para a praça que leva seu nome. É um sacrilégio mantê-la abandonada naquele local. Sacrilégio também é tentar remover seu nome do nosso Brasão.

A Prefeitura, com o concurso dos membros da Comissão de Revisão Histórica, favoráveis à manutenção do nome do Tenente Antonio João no brasão de Dourados, consagrando-o como o “Dono da Praça”, devem ali edificar um memorial para receber a estatua, que está na praça Dr. Duarte.

No que tange as comemorações sobre emancipação política de Dourados, transcrevemos a Ata de Instalação do município e quem a assinou. Todos os atos desenrolados no evento estão com a indicação das Leis, que orientaram as cerimônias. Há outras informações interessantes, nas páginas 125/135, do livro de autoria deste articulista, intitulado “O CHORO DOS ANJOS.”, ed. 2015.

A propósito da história local que ora debatem, lembro — a bem da verdade — atendendo pedido veemente do saudoso Promotor de Justiça, Ramão Sovierzoski, já no fim da vida, para que eu defendesse o nome correto do nosso Aeroporto: ARLINDO CARDOSO. Atendendo o justo pedido do saudoso amigo, ás págs. 131/133 do referido livro (O choro dos anjos), transcrevi a “Lei municipal nº 375, de 06.12.1963: — Art. 1º Fica o Prefeito Municipal de Dourados autorizado a permutar parte da área do atual aeroporto de Dourados, com área de trezentos hectares da fazenda Coqueiro, de propriedade do sr. José Augusto de Mattos, área destinada a construção do aeroporto Arlindo Cardoso.” (sic).

Ainda autorizado pela Lei municipal 375/1963, por escritura lavrada em 14.11.1972, procedeu-se a doação da área ao Ministério da Aeronáutica (?), então representado pelo Major Brigadeiro do Ar, Délio Jardim de Mattos, comandante da Quarta Zona Aérea, o que impede a Prefeitura em mudar o nome de um bem que não lhe pertence. Nessa escritura, uma MENTIRA: “... área recebida por doação de José Augusto de Matos.” (sic)

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras.
([email protected].)