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Opinião

UM E NOVENTA E NOVE (R$ 1,99), APENAS R$ 1,99! É A OFERTA!

06 novembro 2016 - 12h26Por José Alberto Vasconcellos

Um real e noventa e nove centavos é valor inferior a dois reais, isto quer dizer que quando você acode a uma oferta e compra alguma coisa com o preço estipulado em R$ 1,99, pagando a compra com uma nota de dois reais (R$ 2,00), você tem o direito líquido, certo e indiscutível, de receber o troco de R$ 0,1 centavo, mas o vendedor, fingindo que está na Lua, não lhe volta o troco.

Salvo engano, foi a “Ludgren Tecidos (Casas Pernambucanas) quem inventou, no Brasil, essa estória de colocar o preço diminuindo um centavo, para seduzir quem, naquele tempo, era chamado de “freguês” para vender-lhe alguns metros de tecido. Naquele tempo ainda circulavam as moedas de CR$ 0,1 (um centavo de cruzeiro), e a artimanha, singela e inocente, não se constituía em engodo, porque o freguês tinha de volta seu troco, no valor exato do seu direito.

Aquilo que um dia foi uma singela e inocente forma de atrair o freguês, e que não produzia nenhum prejuízo, transformou-se numa artimanha rentável de cunho criminoso, contumaz e reiterado, que afronta a lucidez do cidadão e enseja ao vendedor locupletar-se à custa da falsa propaganda, que lesa o comprador em R$ 0,1 (um centavo), e ainda o força a desempenhar o papel de tolo!

Observamos que no primeiro mundo, tendo como exemplo os Estados Unidos da América, há inarredável respeito à cidadania, e qualquer compra que termine em nove centavos, o cidadão recebe o “pay back” (o troco) constituído de uma moeda de 0,1 (um cent de dólar) tendo no anverso a figura de Abraham Lincoln (1809-1865) e no verso o seu Memorial em Washington DC, edificado na saída da Ponte do rio Potomac, para quem vem do Cemitério de Arlington, na margem oposta.

Há profunda diferença cultural entre os saxões (alemães) e os anglo-saxões (ingleses) com relação aos lusitanos (portugueses), por questões religiosas. O padre alemão Martinho Lutero (1483-1546) protestou contra a venda de indulgências na porta da Igreja de Wittenberg; a seguir traduziu o texto da Bíblia do latim para o alemão. A tradução anterior — do grego para o latim, denominada Vulgata — fora feita por São Jerônimo (340-42 D.C.).

A tradução de Lutero foi o ponto de partida para a Reforma. O texto bíblico traduzido, despertou nos saxões protestantes e nos anglo-saxões anglicanos, a necessidade de aprenderem a ler, para saberem, livremente, o que continham as Escrituras, enquanto que os lusitanos professando o catolicismo romano, que reservava para si a interpretação dos textos bíblicos, permaneceram na escuridão até 1959, quando tiveram sua Bíblia em língua portuguesa. A tardia tradução da Bíblia para o português, autorizada pelo papa Pio XII, em 1943, foi executada pelo Centro Bíblico de São Paulo, concluída em 1959. O texto bíblico traduzido não influenciou nos costumes dos brasileiros.

Somente em 1592, o papa Clemente VI promulgou a tradução do texto em Latim (a Vulgata), depois de decorridos l.l72 anos desde a tradução de São Jerônimo; e 58 anos depois da tradução para o alemão, de Lutero. Observe que o Brasil foi descoberto em 1.500.

Alemães Protestantes — temos de reconhecer — criaram Adolf Hitler; e os ingleses Anglicanos: Winston Churchill, ambos para uma mesma “festa”. Essas Nações, lendo e interpretando livremente o texto bíblico, entenderam cedo o significado dos Dez Mandamentos e de outros princípios - como o do olho por olho — para legitimar a pena de morte para bandidos assassinos. Seguiram daí outros costumes, que nunca permitiram a impunidade. Por aqui, no Brasil, a tradução da Bíblia chegou tarde, já havia passados 459 anos, desde a chegada de Cabral em 1500. A despeito do atraso, a tradução ainda chegou em tempo para criar o Lula, mas não conseguiu demover os políticos do costume de roubar os impostos recolhidos, e despertar o Judiciário da inércia.

Os Estados Unidos foram colonizados por pessoas alfabetizados; o Brasil foi por degredados, escravos negros e uma massa de lusitanos analfabetos. Os costumes degenerados justificam, nos dias atuais, porque a Justiça do Trabalho custa, para funcionar, R$ 17 bilhões por ano; que o STF tenha 3.000 assessores, (cerca de 300 para cada ministro); que o STJ, com 33 ministros, tenha 5.000 funcionários; que a Eletrobrás tenha 15 mil funcionários sem nenhuma função e o extinto gabinete da ex-“presidenta”, 1.400 assessores? (fonte: Revista Veja). E nossa Câmara Municipal, com 144 assessores (?).

Sustentamos — com os impostos pagos — a soberba de uma classe, que no poder, hipocritamente, tira o pão, o remédio e a educação dos miseráveis, para mostrar opulência. O caráter dessa classe não difere daqueles que negam magnitude à Nação, realizando-se quando nos arrebatam UM MÍSERO CENTAVO!

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras [email protected]