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Opinião

A impressionante multiplicação dos escroques

01 outubro 2016 - 11h25Por José Alberto Vasconcellos

Escroque, para quem ainda não sabe, “é indivíduo desonesto que age de maneira fraudulenta, para apossar-se de bens alheios”. Escroque, em qualquer lugar do mundo, prolifera ao sabor dos ventos em quantidades assustadoras. Em nosso País a operação Lava-Jato, sob o comando do Juiz federal Sérgio Moro, com a investigação da Polícia Federal e o afinado trabalho do Ministério Público Federal, concomitantemente, explorada a delação premiada, leva-nos a uma assombrosa conclusão: a cada pena que arrancam da galinha, vem a galinha inteira, acompanhada de muitos pintinhos

Os escroques multiplicaram-se como pulgas em cachorros abandonados. A quantidade deles no romaneio da Lava-Jato impressiona os brasileiros e o mundo. Nesse cadastramento não há santos e tampouco beatos, apenas ladrões do dinheiro público com seus apaniguados, todos com inusitada hipocrisia e ânimo insaciável para consumir o dinheiro público, diretamente ou através de empregos fantasmas.

Confira: “descobriu-se agora que a Eletrobrás tem 15.000 funcionários a mais que o necessário” (Veja, ed. 31.08.16, pág.39). Já tínhamos a notícia de que o gabinete da “presidenta” contava com 1.400 funcionários. Imagine, se na Câmara Municipal de Dourados, cada vereador conta com uma chusma de oito assessores, quantos fantasmas estaríamos pagando no Tribunal de Contas do Estado e noutras repartições públicas?

Enquanto os órgãos públicos mantém, cada um a seu modo, um cemitério para seus fantasmas, pessoas vivas morrem à míngua de assistência médica que não existe; crianças índias, tomadas pela mais negra miséria, morrem de fome; as crianças que estudam não recebem a merenda de que precisam para seu normal desenvolvimento. Os políticos e os fantasmas corroem o País e sugam o sangue da Nação!

O mecanismo que propicia toda essa bandalheira é formado por empresários da construção civil, magnatas que se associam aos escroques de baixa qualificação e altos coturnos, encastelados no poder público por força do voto ignorante e irresponsável. Eleitos, revelaram-se incompetentes para o cargo e desprovidos dos mais comezinhos princípios da solidariedade humana, são hábeis apenas para drenar o dinheiro público. Afanam os recursos que deveriam ir para a saúde, a educação e a segurança. Desfalcam, pelo roubo acintoso, as grandes empresas nacionais, como é o caso da Petrobrás. Em busca das propinas embaraçam as obras públicas que nunca são concluídas.

Fazem tudo e de tudo, para inviabilizar o País e enterrá-lo em dívidas, implantando o desespero no seio da Nação, onde o desemprego já atinge a cifra de 13 milhões.

A história na nossa Pátria: proclamada a República em 1889 e destituído o Imperador D.Pedro II (1825-1891), pelo “crime” de haver libertado os escravos, no ano anterior — 1888 — constitui um libelo que atesta a covardia da oligarquia rural, constituída por políticos na época mal acostumados, revoltados por perderam a mão de obra escrava gratuita.

Vingaram-se do Imperador, que até então conduzira o Brasil por 58 anos (1831/1889) — quase seis décadas — com sabedoria e competência, mantendo a integridade do território nacional na Guerra do Paraguai (1864-1870), e sedimentando a Nação brasileira da qual fazemos parte.

Registre-se, que nenhum político condoeu-se pelo estado de miséria e abandono com que D.Pedro II viveu seus últimos dias. Pobre e esquecido faleceu em 1891, num modesto hotel em Paris, na França — três anos depois de libertar os escravos e dois de perder o Império do Brasil (1889). O Imperador nunca aceitou um centavo sequer, como ajuda para viver no exílio a que foi condenado.

Não se pode generalizar, claro que há bons e honestos políticos, todavia são poucos e com pouca ou nenhuma força para mudar o que está errado e desengavetar os projetos das futuras leis, que poderiam corrigir as investidas dos escroques no Erário. A essa classe numerosa de políticos não interessam normas que possam atrapalhá-los na mansa, reiterada e impune ação para embolsar o dinheiro dos impostos recolhidos.

Contudo, finalmente, a providência mandou-nos o juiz federal Sérgio Moro que assessorado por investigadores da PF e apoio do MPF, vem mandando para a jaula os ladrões do Erário, sem importar-se com o grau de “importância” do bandido no seio da República.

Registra-se, por fim, que é crônico nestas eleições, o descrédito nas promessas dos candidatos em campanha.

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras. [email protected]