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Anestesia geral é muito mais profunda que sono

19 janeiro 2011 - 13h37

Anestesia geral, sono e coma são três das formas mais importantes em que uma pessoa perde a consciência. O que acontece com o cérebro no momento em que a anestesia geral é aplicada, porém, continua sendo um mistério. No final de dezembro, os cientistas Emery Brown, Ralph Lydic e Nicholas Schiff publicaram um artigo mostrando que mesmo o mais profundo dos sonos não é tão profundo quanto a mais leve das anestesias gerais. O artigo, na revista The New England Journal of Medicine, faz uma análise do que se sabe na área e propõe uma estrutura para estudar a anestesia geral. “As ferramentas clínicas, de exame físico, eletroencefalografia e técnicas de imagem usadas para estudar o sono e o coma podem ser adaptadas para a anestesia geral”, afirmou Emery Brown, que é professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e anestesista, ao iG. Antes de estudá-la, no entanto, é necessário entendê-la. “Anestesia geral não é um sono é um coma reversível. Diferentemente de um coma devido à um ferimento no cérebro o coma da anestesia geral pode ser revertido com o fim do efeito do medicamento”, explicou Brown. E completou: “Os pacientes geralmente perguntam se a anestesia geral é um tipo de sono profundo. A resposta é não. Anestesia geral não é uma forma de sono seja ele profundo ou não. Ela é um estado fisiológico e comportamental único do corpo que foi desenvolvido e refinado nos últimos 165 anos para que as intervenções cirúrgicas e muitas técnicas de diagnóstico e procedimentos terapêuticos pudessem ser feitos de forma segura e humana”. A falta de entendimento do funcionamento da anestesia geral cria ainda uma situação contraditória para os que querem estudá-la. “De um lado há uma percepção pública e em muitas partes da comunidade científica de que anestesia geral é um procedimento de alto risco e voluntários humanos não deveriam fazer parte no estudo dela. A perda de controle sentida pelos pacientes que recebem anestesia geral aumenta ainda mais essa percepção e, em muitos casos, eles tem mais medo da anestesia do que do procedimento ou da intervenção que será feita(...). Por outro lado como a anestesia geral é considerada suficientemente segura por que estudá-la mais. [A resposta é que] obviamente o conhecimento de como e onde os anestésicos agem irão fazê-la ainda mais segura”, comentou Brown. A segurança, no entanto, é apenas um dos aspectos do estudo da anestesia geral.A possibilidade de criar anestésicos com menos efeitos colaterais como náusea e vômitos e o desenvolvimento de formas mais precisas de monitorar quão profundamente um paciente está ou não anestesiado também são desejáveis segundo o trio de pesquisadores. “A anestesia geral é uma peça central da ciência básica e prática da neurociência do cérebro. O potencial que seu estudo pode trazer para a neurociência ainda precisa ser realizado”, afirmou Brown.