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Crescimento continuará lento nos países ricos em 2011, diz FMI

31 dezembro 2010 - 13h15Por Redação Douranews/com ig

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu nesta quinta-feira que o ritmo da recuperação econômica obtido em 2010 continuará no próximo ano, o que significa um crescimento frágil nos países avançados e forte entre os emergentes.

O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, destacou em uma entrevista à revista digital do organismo, "IMF Survey", que é necessário um reequilíbrio global para uma maior saúde econômica planetária, que exige maior flexibilidade cambial e redução da dívida nos países com problemas fiscais. "Sem esse reequilíbrio econômico não haverá uma recuperação saudável", afirmou Blanchard.

O economista-chefe ressaltou que as projeções do organismo para a economia mundial foram bastante acertadas em 2010. "Estávamos certo sobre os EUA. A situação foi melhor para o núcleo de países fortes europeus e Japão teve crescimento superior ao que pensávamos", afirmou Blanchard.

Acrescentou que as projeções realizadas pelo FMI apontavam na direção correta com relação à China, embora o mesmo não tenha acontecido na Índia. A ausência de "grandes surpresas" não significa que a situação esteja bem. "Não estão", deixou claro Blanchard, quem descreveu como "assombrosa" a velocidade em que avança a economia mundial e quem destacou que essa tendência parece acentuar-se. "Provavelmente domine 2011 e vá além", aventurou.

Daqui para frente, o desafio para os emergentes será evitar o aquecimento de suas economias e enfrentar o crescente desembarque em seus mercados de fluxos de capital. Os países avançados sentem as consequências de uma crise com raízes "profundas" que desbaratou o sistema financeiro e criou uma grande incerteza. Se isso combinar com baixas economias e investimentos excessivos no setor imobiliário, o resultado é "uma recuperação lenta", que precisa do empurrão para reduzir as elevadas taxas de desemprego.

Trata-se, afirmou Blanchard, de um processo "doloroso", mas não surpreendente. A história demonstra que a recuperação das crises financeiras é "longa e lenta". Daí que, em linha com o apontado pelo FMI em inúmeras ocasiões, seja necessário um reequilíbrio interno e externo.

Blanchard lembrou que antes da crise o crescimento em muitos países avançados se assentava em uma "excessiva demanda doméstica", via consumo ou investimento imobiliário, um modelo que provou ser inviável. Esses países necessitam agora encontrar novos pilares de crescimento. Em geral, Blanchard explicou que os países com déficit precisam apoiar-se mais no setor externo, nas exportações, enquanto os que desfrutam de superávit devem fazer o contrário, ou seja, insistência na demanda doméstica e menor dependência do setor exportador.

O economista-chefe do FMI apontou que a recuperação poderia continuar sem esse reequilíbrio, mas seria uma aposta perigosa. "A continuidade da expansão fiscal ou o retorno dos consumidores americanos aos velhos hábitos de poucas economias podem sustentar a demanda e o crescimento por algum tempo", afirmou.

Mas o optar por uma solução desse tipo "recreará muitos dos problemas" que desencadearam a crise. "Imagine o que viria depois?", perguntou retoricamente Blanchard em uma clara advertência aos responsáveis do futuro econômico do planeta. Destacou, para finalizar, que os ajustes cambiais são "uma parte integral do processo" de ajuste.