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Filipinos celembram dia dos mortos com álcool, baralho e festa

02 novembro 2010 - 12h13Por Redação Douranews, com Terra

A celebração do Dia de Todos os Santos transforma os cemitérios das Filipinas numa grande festa na qual não faltam enormes quantidades de álcool, partidas de pôquer e, inclusive, competições de karaokê.

Todo ano, no dia 1º de novembro, os cemitérios se transformam num alvoroçado mar de velas e ramos de flores que as famílias usam para decorar os túmulos de seus entes queridos, onde passam o dia inteiro.

O habitual sossego desses lugares dá lugar a uma algazarra na qual se misturam os gritos das sempre numerosas crianças com as preces e ruidosas conversas dos adultos.

No cemitério de Mabalacat, 90 quilômetros ao norte de Manila, os mais prevenidos limpam, na véspera, as lápides de seus entes queridos e preparam o lugar para passar o dia.

Um dos que madrugaram foi Reggie Ortanez, que montou guarda domingo à noite na frente do túmulo de seus pais. Ficou sentado numa cadeira de praia e com os mantimentos necessários para se entreter até que seu irmão o substituísse na madrugada: cigarros, cervejas, conhaque e um enorme pacote de biscoitos de torresmo.

Quando se diz a Ortanez que o consumo de álcool é proibido no cemitério, ele responde sem perder o sorriso: "Este é meu território. Estou velando meus mortos e ninguém pode me dizer o que fazer".

No começo da manhã, as famílias mais preparadas preparam suas mesas de camping, enquanto outras se conformam com uma lona no solo e colocam sobre a lápide uma grande quantidade de comida e bebida.

Sob um calor sufocante, as mulheres botam o papo em dia sobre assuntos familiares, os homens jogam pôquer e as crianças se divertem fazendo enormes bolas de cera com os restos de velas que derretem sobre as lápides.

"Quando era pequeno, fazia o mesmo e era divertido, mas agora nós passamos o dia morrendo de calor e desejando que termine logo. Só os mais velhos e as crianças se divertem", lamenta o jovem Jeff Ventura, enquanto devora um enorme prato de espaguete com molho de tomate, o preferido dos filipinos.

De vez em quando, a música hipnótica do sorveteiro rompe a rotina e tira as crianças das brincadeiras, mas ele não é o único que lucra. Desde a noite anterior, as entradas dos cemitérios se enchem de camelôs e de barraquinhas de comida, entre elas, algumas das mais bem-sucedidas franquias de fast-food.

"Não vendemos quase nada até agora, mas a situação ainda pode melhorar", comentou Julie Sarmiento, em frente a uma barraca de cachorro-quente.

A maioria das famílias não se contenta em visitar um só cemitério. Em geral, passa por todos os locais que tenham algum familiar enterrado, para depois terminar o circuito no maior deles, onde é impossível andar.

Quando o efeito do álcool se manifesta, os mais corajosos se arriscam a cantar, com microfone na mão, músicas românticas no karaokê.

O ponto alto da festa chega com o pôr do sol, mas ela vai minguando à medida que a noite avança, assim como as velas, para que no dia seguinte não reste mais que uma grande quantidade de lixo para acompanhar os defuntos.