Um leilão em junho deve fazer um pequeno pedaço de papel ser arrematado por cerca de R$ 110 milhões, de acordo com a última estimativa.
Mas não é um papel comum. Trata-se de um selo criado em 1856 para a então Guiana Britânica (atual Guiana), que é mais valioso do mundo, sendo considerado a obra-prima da filatelia.
"É a Mona Lisa da filatelia", disse ao "Guardian" David Beech, um especialista em selos. "É o único selo sobre o qual todo filatelista e todo colecionador teria ouvido falar e visto uma ilustração", a acrescentou ele.
Único do seu tipo, o selo de 1 centavo está sendo exibido na sede da Sotheby’s em Londres (Inglaterra) antes da sua venda, em Nova York (EUA), e estará à vista do público nesta semana. Beech, ex-curador das coleções filatélicas da Biblioteca Britânica, disse que sua fama do selo foi reforçada pelas pessoas que o possuíam - e aqueles que queriam desesperadamente possuí-lo.
O selo foi criado na Guiana Britânica quando uma escassez de selos geralmente importados da Inglaterra ameaçava atrapalhar o serviço postal da colônia. O selo de um centavo era usado principalmente para a entrega de jornais, e a maioria deles teria sido jogada fora. Beech disse ser um "milagre" que um exemplar tenha sobrevivido, o que aumenta a obsessão pela peça.
Ele foi descoberto em 1873 por um jovem filatelista de 12 anos chamado Vernon Vaughan, um menino escocês que vivia na colônia na América do Sul. Ele o encontrou nos papéis de seu tio, achou que parecia valioso e o vendeu por seis xelins.
O selo passou por alguns colecionadores antes de ser localizado pelo Conde Philipp La Rénotière von Ferrary de Paris, que dedicou sua vida à filatelia e reuniu a maior e mais abrangente coleção de selos da História. Morreu de infarto em 1917, deixando seus selos "com orgulho e alegria para minha pátria alemã".
Após passar por várias mãos, o selo acabou com o americano Stuart Weitzman, conhecido como o designer de calçados das estrelas, o atual dono. Recentemente, o magnata decidiu se desfazer da peça.