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Preso no Marrocos brasileiro é suspeito de tentar recuperar mais de meia tonelada de cocaína em port

28 fevereiro 2018 - 14h30Por José Claudio Pimentel/G1

Autoridades investigam se o brasileiro Márcio Ricardo de Oliveira, de 40 anos, era o chefe de um grupo de traficantes internacionais que foi preso enquanto tentava recuperar uma carga de 541 kg de cocaína, desembarcada erroneamente em um porto do Marrocos, para levá-la a países europeus. O Itamaraty acompanha o caso.

O flagrante ocorreu em 11 de fevereiro, durante uma ação conjunta entre equipes policiais e alfandegárias no Porto de Casablanca, localizado ao Norte da África e costeado pelo Oceano Atlântico. O carregamento de cocaína estava em um contêiner, dentro de um navio, cuja procedência era o Porto de Santos, no litoral de São Paulo.

Oliveira foi preso com outras cinco pessoas, de nacionalidades não informadas, que se preparavam para receber a carga ilegal no cais. Com o grupo, havia uma grande quantia em dinheiro, em diversas moedas, e cinco veículos de alto padrão que seriam utilizados em uma eventual fuga, que acabou frustrada. Armas não foram encontradas.

As investigações iniciais apontam que a meia tonelada apreendida não era destinada a ser distribuída no Marrocos ou em nações vizinhas. Na verdade, a cocaína, que foi produzida em países da América do Sul e, posteriormente, escondida em um contêiner em Santos, seria desembarcada em uma escala na Europa, o que não ocorreu.

As autoridades acreditam que Oliveira foi enviado como chefe do grupo para recuperar a carga e entregá-la ao real comprador europeu. O dinheiro apreendido na ocasião, em quantidade não informada, era para ser utilizado nessa transação, e na necessidade de realizar algum pagamento a intermediários da operação.

A Direção Geral de Vigilância Territorial Nacional do Marrocos afirmou à imprensa internacional que a rede criminosa, cuja célula composta pelo brasileiro foi desmantelada, tem "natureza perigosa". Além disso, as ramificações identificadas até então possuem estreitos "vínculos com cartéis [de drogas] da América Latina".

Fontes ligadas à Interpol e a autoridades federais brasileiras confirmaram ao G1 as investigações do caso. Pela maneira como Oliveira e os comparsas foram presos, com dinheiro e veículos de fuga, a suspeita mais forte é de que a ação tenha sido de resgate da carga. Outras hipóteses, entretanto, ainda não foram descartadas.

O contêiner com a droga foi embarcado em um navio que fez escala no cais santista no fim de janeiro, mas Márcio não viajou nele. O brasileiro foi enviado ao Marrocos de avião, depois de receber ordens de recuperar o carregamento. Os investigadores tentam descobrir, agora, outros envolvidos no esquema.

Desde a prisão, o governo brasileiro afirma que apura as reais circunstâncias do ocorrido. O Itamaraty, por meio de nota, somente disse que a Embaixada do Brasil em Rabat, capital marroquina, “segue apurando o caso”. O Ministério das Relações Exteriores afirmou, ainda, que familiares dele já solicitaram apoio à diplomacia para uma solução.

O advogado de Oliveira no Brasil, Danilo Pereira, também confirmou a prisão, mas preferiu não detalhar qualquer informação, para "não atrapalhar os rumos do processo". O defensor afirmou que o cliente não possui ligação com organizações criminosas no país ou no exterior, e que também não tem qualquer passagem criminal.

O advogado ainda confirmou que está em contato direto com o Itamaraty e com os representantes consulares brasileiros no Marrocos. "Temos um advogado que nos representa lá. Nas próximas semanas, nós vamos viajar até Rabat para conseguir mais informações e buscar a liberdade dele", declarou oficialmente.