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Oposição venezuelana adia protesto contra constituinte imposta por Maduro

02 agosto 2017 - 13h20Por G1

O governo venezuelano não anunciou exatamente quando será a instalação da polêmica Assembleia Constituinte, o que tem criado confusão entre seus adversários. Por isso, a oposição decidiu adiar de quarta (2) para quinta-feira (3) a grande passeata de protesto.

Inicialmente, a posse dos 545 deputados estava prevista para esta quarta. Nesta terça-feira (1º), o vice-presidente venezuelano, Tareck El Aissami, disse em um pronunciamento na televisão estatal que a Assembleia Nacional Constituinte, eleita no domingo (30), deverá ser instalada em "em poucas horas".

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs a Constituinte como solução para a grave crise política do país, mas a oposição, que exige eleições gerais, considera a iniciativa uma fraude para tentar perpetuar o presidente no poder. Os opositores têm maioria no Parlamento.

O poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello declarou que após a eleição de seus membros a Constituinte tem um prazo de 72 horas para começar, mas não precisou quando inicia a contagem do prazo.

Face à indefinição, a oposição adiou a passeata que acontecerá em Caracas, capital do país. "Atenção: a passeata contra a fraude constituinte será nesta quinta-feira, dia no qual a ditadura pretende 'instalar' a fraude", publicou no Twitter o dirigente Freddy Guevara.

O percurso da passeata de quinta-feira ainda não foi revelado, mas deve tentar chegar ao Palácio Legislativo, sede do Parlamento de maioria opositora e que em breve também será a sede da Assembleia Constituinte, segundo a France Presse.

Mas em quatro meses de protestos da oposição, que deixaram mais de 120 mortos, as manifestações não conseguiram se aproximar em nenhum momento do centro de Caracas, onde se concentram os poderes públicos e área que é considerada um reduto chavista.

Prisão de oposicionistas

A mobilização pretende denunciar a "ilegitimidade" da Assembleia Constituinte, não reconhecida por vários países, incluindo os Estados Unidos, e condenar a detenção dos presos mais emblemáticos da oposição:

Leopoldo López e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusados de planejar uma fuga e de convocar um boicote à votação estimulada pelo presidente Nicolás Maduro.

Na madrugada de terça-feira, os dois foram levados para a prisão militar de Ramo Verde, nas proximidades da capital Caracas.

Segundo o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), López e Ledezma foram presos por supostos planos de fuga e suas declarações políticas.

López não podia "fazer nenhum tipo de proselitismo político" e Ledezma, prefeito de Caracas, tinha "a obrigação de se abster de fazer declarações a qualquer meio", assinalou um comunicado do TSJ.

O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU declarou que está "profundamente preocupado" com as prisões e pediu a Caracas que liberte todos aqueles que exercem os seus direitos democráticos.

Na madrugada de terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que os Estados Unidos consideram Nicolás Maduro "pessoalmente responsável" pela saúde e segurança de dois líderes de oposição presos.

Eleitos

Nesta terça, a autoridade eleitoral da Venezuela anunciou que o filho e a esposa do presidente de Maduro foram eleitos como membros da polêmica Assembleia Nacional Constituinte que redigirá a nova Constituição do país.

Nicolás Ernesto Maduro Guerra, 27 anos, entrou na arena política com a sua candidatura à Constituinte. 'Nicolasito', como é conhecido, concorreu na eleição setorial como representante da administração pública, na qual trabalhou desde que o seu pai chegou ao poder, em 2013, ocupando altos cargos criados pelo presidente.

O agora membro da Assembleia Constituinte, Nicolasito era praticamente um desconhecido, embora há alguns anos tenha causado polêmica após a circulação de imagens suas recebendo uma "chuva de dólares" enquanto dançava em uma festa de casamento.

Em sua biografia no Twitter, afirma que é graduado em Economia, flautista do aclamado sistema de orquestras juvenis e "soldado de Chávez até além da vida".

Além da eleição por setor social, na qual 173 candidatos foram escolhidos, também houve uma eleição territorial, para definir outros 364 membros, sendo um representante por cada município e dois para cada capital, independentemente do número de habitantes.