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Julgamento de José Maria Marin nos EUA começa nesta segunda-feira

06 novembro 2017 - 12h36Por Martín Fernandez/GE

Pela primeira vez na história, um chefão do futebol brasileiro sentará no banco dos réus. Não no Brasil, mas nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, José Maria Marin, de 85 anos, presidente da CBF entre março de 2012 e abril de 2015, começa a ser julgado no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York por crimes de corrupção. Ele nega todas as acusações e afirma ser inocente.

Marin está sendo julgado no "Caso Fifa", maior investigação sobre corrupção na história do futebol, que derrubou os dirigentes e empresários de marketing esportivo que mandavam havia décadas no futebol latino-americano e recuperou quase US$ 200 milhões em dinheiro desviado. Marin é acusado de sete crimes: três de fraude, três de lavagem de dinheiro e mais um por integrar uma organização criminosa.

Na avaliação de pessoas com conhecimento do caso, Marin está sujeito a uma pena de até 10 anos de prisão. O julgamento deve durar dois meses. Esta primeira semana do julgamento deve ser inteiramente dedicada à formação do júri, composto por 12 pessoas (mais seis "reservas") que terão suas identidades preservadas. Testemunhas serão ouvidas e provas serão apresentadas a partir do dia 13.

Em caso de condenação, Marin poderá recorrer em prisão domiciliar. O brasileiro foi preso em 27 de maio de 2015, em Zurique, acusado de receber propina para beneficiar empresas de marketing esportivo que compraram direitos de transmissão e comerciais da Copa do Brasil, da Copa América e da Copa Libertadores.

Em novembro de 2015, Marin foi extraditado para os EUA, onde fez um acordo para poder aguardar seu julgamento em prisão domiciliar. Marin mora (e está preso) num apartamento de 100 metros quadrados no 41o andar da Trump Tower, comprado em 1989. O caso é investigado nos EUA porque os acusados usaram bancos e empresas com sede no país para movimentar dinheiro.

Acusações semelhantes pesam sobre outros dois cartolas brasileiros: Marco Polo Del Nero, sucessor de Marin na presidência da CBF, e Ricardo Teixeira, presidente da entidade entre 1989 e 2012. Os dois estão no Brasil, país que não extradita seus cidadãos, e portanto não serão julgados pelos EUA. Teixeira e Del Nero também negam as acusações e afirmam ser inocentes.

– O dano causado pelos réus foi de grande alcance. Ao conspirar para enriquecerem através de esquema de suborno […] os réus privaram a Fifa, as confederações continentais, as associações nacionais, equipes, ligas juvenis e programas de desenvolvimento que dependiam de apoio financeiro […]. Além disso, distorceram o mercado de direitos comerciais no futebol, prejudicando outras empresas de marketing esportivo de competir por tais direitos – diz um trecho da acusação.

A partir desta segunda-feira, Marin terá como companheiros no banco dos réus o paraguaio Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol, e o peruano Manuel Burga, ex-presidente da federação de seu país. Os dois são acusados dos mesmos crimes e, tal qual o ex-cartola brasileiro, se dizem inocentes. Por isso, resolveram encarar o julgamento em vez de admitir culpa e colaborar com as autoridades dos Estados Unidos.

O “Caso Fifa” tem 42 acusados, entre empresários que admitiram ter pagado propina a dirigentes e dirigentes que admitiram ter recebido propina de empresários. Além de Marin, Del Nero e Teixeira, há outros três brasileiros entre os réus: José Hawilla, ex-dono da Traffic, empresa de marketing esportivo, e dois de seus ex-funcionários: Fabio Tordin e José “Lázaro” Margulies. Os três admitiram ter cometido crimes e fizeram acordos com as autoridades dos EUA.