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Entretenimento

Tarzan ganha releitura mais séria e sombria

22 julho 2016 - 18h18

A máquina hollywoodiana continua girando em torno da nostalgia, resgatando e recontando histórias já conhecidas do grande público (há quem acuse a indústria do entretenimento de falta de criatividade mesmo).

Com o lançamento de A Lenda de Tarzan, o filme soma-se a uma série de outras narrativas em livros, quadrinhos e filmes desde que foi criado pelo escritor americano Edgar Rice Burroughs em 1912.

O diretor David Yates (mais conhecido por ter dirigido os quatro últimos filmes da série Harry Potter) imprime um tom mais sombrio e sério para renovar o personagem e sua história. A paleta de cores é mais densa e o clima envolve questões políticas de exploração do continente africano.

O filme, aliás, parte do princípio de que o espectador já possui certa familiaridade com a lenda do garoto que nasceu na selva africana e foi criado por primatas, assumindo assim os costumes dos gorilas e se integrando à vida bestial das matas.

A história, porém, começa com o protagonista já adulto, sob o nome de John Clayton III (interpretado pelo ator sueco Alexander Skarsgård), vivendo em Londres ao lado da esposa Jane (Margot Robbie). Em meio à "civilização", ele busca seguir uma vida de diplomata, seguindo os passos de seus pais biológicos antes de terem sido mortos na selva logo depois do nascimento do filho, de quem herdou sua fortuna.

Passado sombrio

"Eu era fã do Tarzan desde os seis anos de idade. Meu pai [o também ator Stellan Skarsgård] era obcecado por ele e quando teve um filho, quis introduzi-lo a esse universo. Então, depois de 30 anos, quando me chamaram para fazer o filme, eu fiquei muito animado para compor esse personagem", contou o ator Alexander Skarsgård, que esteve no Brasil para divulgar o longa.

O personagem adulto, atormentado por seu passado, tenta negar sua criação em meio à vida selvagem, na medida em que o filme apresenta, em flashbacks, o modo como ele se adaptou aos perigos da selva, mas depois a renegou e voltou para a tranquilidade da vida cosmopolita.

John Clayton vai ser impelido a voltar para o Congo africano quando o ambicioso explorador Leon Rom (Christoph Waltz, reprisando mais uma vez o papel de vilão inescrupuloso) descobre uma mina de diamantes sob o controle de uma tribo selvagem no lugar. O líder da tribo (interpretado por Djimon Hounsou) quer reencontrar de volta o garoto que viveu e cresceu na floresta, também para acertar contas do passado, enquanto os planos de Rom envolvem a exploração das riquezas locais.

No entanto, o filme esforça-se pouco para deixar claras as verdadeiras razões por que o protagonista não quer voltar à selva, somente como modo de acrescentar ali uma motivação a mais. E ela, mais uma vez, tem relação com a personagem feminina.

Jane é retratada aqui como uma mulher firme, decidida, companheira fiel e gentil que sempre permanece ao lado do marido. Não veste a roupa da donzela puramente indefesa. Porém, quando ela é raptada pelo vilanesco capitão Rom, Tarzan encontra mais um motivo para voltar à selva e resgatar a amada. Esse é o mote ideal para que o personagem retome suas origens e assuma sua posição de herói mítico que ele antes queria enterrar.

Selva digital

Como forma de atrair o público jovem, o filme é repleto de efeitos especiais, indo desde a criação da paisagem natural africana até a reconstituição dos grandes gorilas e outros animais através de captura de movimento.

"Nas cenas de luta, nós ensaiamos por um mês, coreografávamos as cenas e gravávamos por dois ou três dias", revelou Skarsgård. "Essa é uma versão mais intensa, mais nebulosa do Tarzan do que a que aparece nos filmes anteriores do personagem".

Com direito ao grito característico do herói, perseguições por entre os galhos das árvores pendurado em cipós e muitas lutas, o filme atropela muitas questões que ficam mal explicadas no roteiro. Mas funciona como peça de entretenimento para o espectador menos exigente. A Lenda de Tarzan modifica os rumos da história para chegar ao mesmo ponto: o revelar da natureza animalesca do Tarzan, ainda que balanceada pela sua humanidade.