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Cultura

MS 33 anos: Estado mantém viva a memória e a cultura

27 outubro 2010 - 10h34Por Redação Douranews com Assessoria

No Estado de Mato Grosso do Sul, com três décadas, em pleno desenvolvimento, a memória e a cultura ainda são preservadas, principalmente para quem acompanhou de perto sua criação. “A divisão era uma necessidade imperiosa de crescimento, de desenvolvimento. Cuiabá era 800 léguas daqui, sem comunicações e sem estradas. As autoridades constituíam-se praticamente sem a participação do sul. Lá era um Estado, aqui um povoado”. As palavras do ex-governador Wilson Barbosa Martins sintetizam a vontade da população que sonhava com a criação do Estado.

O relato do ex-governador é compartilhado pela professora, Alisolete Antônia dos Santos Weingartner, quando diz que o governo estadual deparava com alguns entraves que dificultavam a administração do extenso território mato-grossense: “grandes distâncias entre a Capital e as cidades sul-mato-grossenses, a ineficiência nos meios de comunicação, não apenas com as cidades mato-grossenses, mas também com o Rio de Janeiro, sede do governo federal. Essas dificuldades faziam de Cuiabá uma Capital isolada, dentro do próprio Estado”, relata.

Em 11 de outubro de 1977, com a criação de Mato Grosso do Sul, começa então a implantação do desenvolvimento socioeconômico, político e cultural. A historiadora Marisa Bittar diz que no dia da divisão segmentos da população tiveram um sentimento de perda que até se configurou numa crise de identidade. “Acredito que o nome tenha sido feliz, porque ao preservar o termo Mato Grosso acrescendo do Sul, foi uma forma de não romper com o passado que nos ligava àquele mesmo tronco que era Mato Grosso”, defende.

Com a criação do Estado, diversos setores foram beneficiados, como a educação e a cultura. Para a professora Maria da Glória de Sá Rosa, a história da divisão do Estado foi importante para o desenvolvimento da cultura que teve os anos “mais vivos” a partir de 1960 com os festivais de música e teatro. Ela lembra que na época o governador Harry Amorim Costa criou a Secretaria de Recursos Humanos com cinco fundações: Cultura, Educação, Saúde, Assistência Social e Desporto. “Harry queria anda transformar a Universidade Estadual em polo de cultura, o que era um grande desafio”, ressalta. A professora lembra ainda que a cultura só expandiu no Estado depois da criação de cursos superiores na Capital.

E o desenvolvimento não foi somente para as áreas de cultura e educação, mas em todas as áreas. Em Campo Grande, a divisão impulsionou a infraestrutura. “Isso trouxe alento maior para que pudéssemos produzir uma estrutura importante para poder fazer de Campo Grande a grande Capital que é hoje. Tivemos a oportunidade, naquele período e depois no governo, de fazer todos os projetos de duplicação das saídas de Campo Grande”, recorda o ex-governador, Marcelo Miranda. Os projetos de duplicação foram nas saídas de Campo Grande para São Paulo, Três Lagoas, Rochedo, Aquidauana e Corumbá, Sidrolândia e Nioaque.

“Creio que vamos ter ainda muito sucesso nessa milagrosa intervenção do presidente Geisel em 1977 e seremos um estado-modelo”, finaliza o deputado federal, Nelson Trad. Este e outros relatos de personalidades que participaram da emancipação política do Estado estão publicados no livro “Mato Grosso do Sul – Criação e Instalação”, que será lançado amanhã (27) pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. O lançamento será às 19 horas no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo.

Desenvolvido através da Gerência de Patrimônio Histórico-Cultural da FCMS, o projeto tem coordenação de Deborah Passarelli Barros de Souza. O livro reúne ainda depoimentos de Afonso Simões Corrêa (membro da comissão especial para implantação do Estado), Flávio Benjamin Corrêa da Costa (membro da liga sul-mato-grossense), Gilka Martins (filha de Demósthenes Martins), Hildebrando Campestrini (presidente do Instituto Histórico e Geográfico), João Pereira da Rosa (primeiro reitor da UFMS), José Couto Vieira Pontes (juiz, escritor e um dos membros fundadores da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras), José Fontanilhas Fragelli (ex-governador de Mato Grosso), Ruben Figueiró (deputado federal na ocasião da criação do Estado), Tarsila Barros de Souza (artista plástica, membro da comissão para escolha dos símbolos de Mato Grosso do Sul) e também de Heliophar de Almeida Serra, Eduardo Contar Filho, Jorge Antônio Siufi, entre outros relatos.

Documentos históricos

Além dos capítulos dedicados aos depoimentos, “Mato Grosso do Sul – Criação e Instalação 30 anos” revive os acontecimentos através de documentos históricos e fotografias: a reprodução de panfletos e convites de passeatas, a posse de Harry Amorim Costa como primeiro governador, a instalação da Assembleia Legislativa, a festa popular a bordo de Chevettes e Brasílias na tranquila rua 14 de Julho.