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1º de abril: Conheça todas as verdades sobre as mentiras

01 abril 2011 - 20h35Por Redação Douranews, com Band

Que atire a primeira pedra quem nunca contou uma "mentirinha" seja para justificar um atraso, driblar o namorado ou escapar de umas palmadas dos pais.

O publicitário David Santana, de 25 anos, consegue até listar algumas das inverdades que  já soltou por aí. "Uma vez beijei uma garota e ela me deu um chupão no pescoço... Quando fui encontrar a outra  moça que eu estava ficando eu disse que tinha sido um arranhão no futebol. Em outra ocasião falei para uma menina feia que eu era gay", diverte-se ele.

Esconder a verdade virou algo tão comum no nosso dia a dia que foi criada até uma data para celebrar o "Dia da Mentira": 1º de abril.

Uma das histórias para explicar a homenagem diz que em 1564 o rei da França, Carlos IX, determinou que o Ano Novo fosse comemorado no dia 1º de janeiro e não mais em 1º de abril. A mudança gerou confusão na cabeça dos franceses e os mais engraçadinhos decidiram manter a tradição enviando convites debochados de festas que não existiam para os conservadores da época com a antiga data.

Se levarmos em consideração todo o contexto essa história é uma grande mentira.

O fato é que inventar situações, mesmo que sem grande importância, já virou uma prática natural do ser humano.

Segundo a psicóloga e escritora Marisa Lobo, autora do livro "Por que as pessoas mentem", toda mentira é prejudicial por menor que ela seja. "Todo mundo mente o tempo todo para todo mundo, seja para agradar, para proteger, para ser aceito, por ciúme, por inveja ou para se fazer de vítima. Só que o mentiroso sempre conta para alguém e um dia a verdade vem à tona", ressalta.

Se isso for verdade, moça "enganada" pelo publicitário David Santana a essa altura já está sabendo que a desculpa do arranhão no futebol não passou de uma grande balela.

Mas, nem todo mundo tem a mesma sorte que David na hora de trapacear alguém. A fisioterapeuta Daniela Monteiro Lazarine, de 27 anos, tentou "plantar" uma mentirinha com a avó, mas acabou sendo descoberta.

"Quando eu tinha 16 anos, estava sem nada para fazer na casa de uma prima, num fim de semana, e pedi para uma amiga ligar para minha vó falando que os filhos mandaram interná-la em um asilo e no dia seguinte uma ambulância iria buscá-la, mas caso resistisse ela seria amarrada em uma camisa de força. Só sei que rua inteira ficou de prontidão para impedir que ela fosse levada, enquanto ela permaneceu escondida dentro de casa", relembra.

Daniela só não contava que poucas horas depois ela seria desmascarada. "Minha vó ligou para a minha mãe aos prantos e fui obrigada a contar a verdade. Fui xingada até não querer mais e passei dois meses sem poder aparecer na rua dela porque os vizinhos queriam me dar uma surra".

Quando a mentira passa a ser um vício

De acordo com Marisa Lobo existem casos mais graves que levam a uma patologia denominada mitomania, onde a pessoa inventa histórias fantásticas envolvendo grandeza, poder, status, não apenas com a finalidade de lesar terceiros, mas também para sentir-se feliz e realizada. "Mentir passa a ser um vício, como usar drogas, e você não consegue mais controlar. Caso o mitomaníaco seja descoberto ele é capaz até de cometer o suicídio, como acontece no filme 'Prenda-me se for capaz', com Leonardo DiCaprio", afirma. 

Durante a entrevista ao eBand, a psicóloga relembrou o caso de uma paciente de 24 anos que procurou ajuda depois de mentir em todos os detalhes de seu currículo. Depois de ser contratada, ela passou a inventar eventos e conseguiu subir de cargo até dar um golpe estrondoso na empresa.

"Mesmo depois de descoberta, a moça continuou jurando até a morte que não tinha feito nada daquilo. Isso sem contar na gravidez que ela inventou para o namorado e depois disse que tinha sofrido um aborto. Durante o tratamento os pais disseram que ela era assim desde os 7 anos", conta a escritora ressaltando que o gosto pela inverdade pode começar ainda na infância por influência dos próprios familiares. "Às vezes a criança se vê obrigada a mentir quando, por exemplo, a mãe pede para dizer ao telefone que não está e aquilo acaba virando uma coisa normal para ela", explica.

Ainda de acordo com Marisa, o lugar onde mais se tem mentiras é na internet. "Pelo computador as pessoas estão escondidas e podem mostrar suas fantasias sem se expor. Costumo dizer que a internet é o celeiro da mentira".

A verdade sobre a mentira

A mentira sempre surge como forma de esconder um comportamento. E, quando você se dá bem naquilo que inventa, acaba repetindo sempre o mesmo ato, o que pode levá-lo a uma compulsão.

"O que a sociedade precisa entender é que é possível resolver os problemas sem fugir deles, sem criar esse mecanismo de defesa. Qual o problema de levar uma bronca do chefe se você chegou atrasado? Os mentirosos não confiam e ninguém e têm pavor de serem repreendido, por isso fantasiam tanto. Tenho certeza de que se você se desculpar falando a verdade será muito mais respeitado do que se mentir e um dia for descoberto", garante a psicóloga.

Mas, como toda regra, existe uma exceção. "Há casos extremos em que mentir é a única solução para se proteger. Se um ladrão bate na porta da sua casa e pergunta se seu filho está lá é claro que você não vai dizer que sim. Porém, é bom lembrar que isso terá uma conseqüência boa ou ruim", conclui.