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Cultura

Sob o olhar poético de Renato Teixeira, nossa Dourados, terra dourada

07 abril 2019 - 11h36Por Madson Valente

madson renatoRenato Teixeira, aclamado Cidadão Douradense.

 

Município criado em 1935 e sendo protagonista do maior programa de Reforma Agrária deste país, Dourados é norteada para o desenvolvimento. Somos celeiro da agricultura, cidade universitária e temos uma economia multipolarizada. Somadas estas potencialidades ganhamos no cenário nacional o status de município vertiginoso.

Em 1943, ano de criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, atraídos pela fé e esperança de melhores perspectivas de vida, muitos povos migraram para nossa região, visto que foram distribuídos dez mil lotes. Nas misturas de várias culturas e de vários sotaques Dourados se apropriou das vocações, das habilidades laborais e das contribuições culturais e em conjunto com o conhecimento dos povos nativos, nossos irmãos indígenas, absorvendo vossos conhecimentos, nos tornamos terra miscigenada, de muitas oportunidades e de múltiplas vocações.

São Tomás de Aquino, frade católico e filósofo, já dizia “que tudo é belo, basta ser”, podemos então considerar que nosso município é belíssimo, pois temos vários povos, recursos naturais, cidade planejada, arborizada e composta de vários parques ambientais, todavia na maioria das vezes nós deixamos nosso poder de observação, nos tornamos rústicos e de visões míopes, pois nos permitimos apenas observar nossos campos como espaços de produção e não de contemplação, de ótica de vida.

De forma cultural, enxerga-se Dourados pela vertente do capital e o quanto é prazeroso propagar nossos potenciais econômicos, entretanto passamos a contemplar nossas riquezas de forma parcial, perdendo nossa sensibilidade e desfazendo-se do olhar holístico daquilo que representa Dourados em toda sua essência. Afinal “o essencial faz a vida valer a pena”, já dizia o poeta Mário de Andrade.

Possuímos recursos poéticos que, por convicção, acredito que sejam nossas maiores riquezas, temos rios, cerrado, Mata Atlântica, ipês amarelos, belos parques, avenidas largas e terra vermelha, entre outros.

Sob a visão poética do nosso cantor e compositor Renato Teixeira, nosso ilustre munícipe, atraído pelo amor, se encantou por Dourados e com visão horizontalizada percebeu que nossa terra é dourada devido ao reflexo do sol e os ipês caídos ao chão no início da primavera, ressaltando que nosso sol é belo, que nosso cerrado é rico, que as nossas figueiras produzem sombras sem igual.

As observações e reflexões de Renato Teixeira, na alta sensibilidade de poeta, despertam para todos nós a necessidade de transpormos, de visualizar aquilo que também faz bem a alma e ao coração, pois o amor deste artista para com Dourados, assim ele definiu, “as vezes é o lugar que escolhe a gente, não ao contrário”.

Adélia Prado, poetisa, já dizia que “qualquer coisa é a casa da poesia”, portanto que as ações românticas também estejam em nossos cotidianos, que aprendamos com nosso vizinho Renato Teixeira perceber aquilo que de fato é importante em nossas vidas, onde na sua música em homenagem a Dourados nos convida para magia a que é viver entre amigos, amores, parceiros, companheiros, observando nossos ipês amarelos, nosso céu ensolarado, extraindo do cerrado poesias e que na observação dos horizontes, que saibamos que ali nasceu Dourados.

Que a magia da heterogeneidade de Dourados e seus recursos poéticos naturais, culturais e artificiais, possam continuar provocando no imaginário do douradense Renato Teixeira inspirações musicais e que suas canções continuem contribuindo para mudarmos nossos conceitos daquilo que realmente vale a pena, pois assim diz Renato, “o simples resolve tudo”, que tenhamos a percepção que não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar o modo de vê-lo.

Nossa gratidão ao amigo e conterrâneo Renato Teixeira, que na sua canção ROMARIA disse que o romeiro por não saber rezar, apenas ofereceu o seu olhar para Nossa Senhora Aparecida. Que também aprendamos contemplar Dourados na sua essência, por vezes no silêncio, mas em outras oportunidades com os sons dos pássaros.

* O autor é geógrafo, professor e vereador de Dourados