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Cultura

Como um livro pode influenciar nos destinos da América Latina

03 novembro 2018 - 17h08

Antes de Cem Anos de Solidão, a América Latina já apresentava algumas semelhanças com o lugar imaginário que seria descrito no primeiro parágrafo do romance: "o mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo".

O continente, obviamente, não era um lugar novo quando Gabriel García Márquez escreveu sua obra-prima: os escritores conhecidos como "cronistas das Índias" tinham como missão descrever a terra durante os séculos 15 e 16 e nomeavam coisas desconhecidas a eles conforme as viam.

Muitas décadas depois, García Márquez embarcou em uma segunda Descoberta da América. A partir de seu pequeno estúdio na Cidade do México, escrevendo pacientemente em sua máquina de escrever, ele reimaginou a gênesis do continente e, ao fazer isso, mudou seu futuro.
Durante a segunda metade do século 20, a América Latina passou por um período conturbado. Alguns países - como Chile, Colômbia e México - estavam lidando com instabilidades, ditaduras e violência política. Isso levou a mudanças abruptas e confusas em sua maioria, incluindo a Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara.

Quando García Márquez estava nos primeiros estágios da imensa saga, ele ficou fascinado com a mudança que ocorreu em Cuba. O que mais o impressionou foi a verdadeira possibilidade de uma nova ordem para países nesse hemisfério, longe da pressão e das imposições dos Estados Unidos. Muitos intelectuais - Mario Vargas Llosa, Jean-Paul Sartre, Albert Camus e Simone de Beauvoir, entre outros - compartilhavam o entusiasmo de García Márquez. Porém, nos anos seguintes, a maioria deles ficou desapontada e se distanciou do modelo cubano. Mas é inegável que a revolução teve um grande impacto no tom de Cem Anos de Solidão: ela deu a García Márquez esperança no destino da América Latina.