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Cultura

Depois da primeira edição em 1994, Emmanuel lança novamente 'Margem de Papel'

26 maio 2018 - 11h33

O poeta Emmanuel Marinho lança terça-feira (29), às 19 horas, na livraria Canto das Letras (Av. Weimar Torres,2440 – Centro), o livro ‘Margem de Papel’, obra de autoria dele cuja primeira edição, de 1994, encontrava-se esgotada há muito tempo.

A partir de 2016, a UFGD vem colocando, na lista de leituras recomendadas para os vestibulares, as obras de Emmanuel. No vestibular de 2016 o livro indicado foi ‘Cantos da Terra’, em 2017 ‘Satilírico’ e agora, em 2018, ‘Margem de Papel’ será objeto de questões da prova de Literatura.

Para atender à grande demanda gerada entre essa geração de jovens vestibulandos, professores de cursos preparatórios e colégios de todo o país, o poeta, por meio de sua editora Bazar de Poesia, providenciou a segunda edição, cujas etapas acompanhou pessoalmente – outra marca original de suas obras, que são elaboradas quase artesanalmente e concebidas integralmente pelo autor. Da capa ao tipo de papel, das fontes das letras às disposições das páginas, tudo é trabalho do poeta.

A primorosa segunda edição estará nas livrarias do país, a partir do dia 29 deste mês, ao lado das obras também recomendadas para os vestibulares da UFGD: “A Retirada da Laguna”, de Visconde de Taunay, “ Livro sobre nada”, de Manoel de Barros, “A Volta ao dia em 80 Mundos”, de Júlio Cortázar, e “Vidas secas”, de Graciliano Ramos.

A inclusão da obra do poeta Emmanuel nessa lista de grandes nomes da literatura universal é altamente significativa para um artista do interior de Mato Grosso do Sul e vem coroar de êxito a trajetória de um dos poetas mais aplaudidos e admirados pelo público de inúmeros lugares onde se apresenta, no Brasil e no mundo.

margem de papel

Crítica

Segundo a semioticista e crítica de arte, Rita Pacheco Limberti, Margem de Papel é a obra-símbolo do poeta Emmanuel Marinho. “Autor de uma literatura extremamente engajada, sempre tratou das ironias conjunturais, das assimetrias sociais, das minorias marginais. Sobretudo neste livro, seus poemas são como aqueles escritos que se encontram em margens de papel: não tiveram lugar no corpo do texto, foram suprimidos, calados, mas não puderam deixar de ser ditos. Publicado uma única vez em 1994, seus emblemáticos poemas vararam os anos ecoando nas inúmeras performances e espetáculos do poeta, muitos deles tornados ícones da poesia emmanuelina, como ‘Genocíndio’ (tem pão velho?) e o célebre haikai ‘Poesia não compra sapato’. A primeira edição foi feita praticamente à mão: papel artesanal, páginas multicoloridas, aquela edição possui a marca do tempo do poeta. Esta segunda edição possui a marca do tempo da própria obra: destinada à leitura de milhares de vestibulandos e do grande público, ganha concepção gráfica do talentoso designer Lula Ricardi, que, com um traço bastante contemporâneo, mantém, nas cores, a linguagem artesanal do poeta, enquanto nas formas preserva o traço eloquente de um discurso que já não cabe só na margem do papel".

Veja o prefacio do livro da edição original

A LEITURA DA VOZ
“ escrevo as oralidades “
Manoel de Barros

Emmanuel Marinho é um poeta público. Explico-me: ele não se limita a escrever versos – atividade solitária -, mas, concluída a obra, mostra-a aos homens, recitando-a, representando-a (é excelente ator) nos teatros, nas universidades, nos bares e nos eventos da vida. Isso se reflete, naturalmente, no conteúdo e na forma dos seus versos.

A sua poesia não é uma poesia hermética, voltada para si mesma, porém encara o leitor e convida-o a acompanhar o poeta, compartilhando o seu sonho ou a sua ira:
“mijemos todos
pro lucro da cana
da grana
da gana e dos grãos“

A sua poesia instaura a cumplicidade que sempre existe entre dois interlocutores interessados que dialogam entre si, transformando o leitor em ouvinte. Mas ao afirmar que essa poesia é essencialmente fala, quero chamar atenção não só para a sua oralidade como, principalmente, para a sua atualidade. A sua conversa é sempre urgente, fala de coisas que estão acontecendo e que nós todos estamos vivenciando. É a fala de um poeta participante, que traz a última notícia, aquela que esperávamos e não esperávamos.

Seria errôneo, entretanto, imaginar que Emmanuel Marinho trabalha a palavra enquanto som, unicamente. Pelo contrário: a sua palavra é também pintura, forma desenhada na página. Ler Emmanuel Marinho é a oportunidade de descobrir uma outra dimensão da sua arte, a da palavra-coisa, que pode ser vista e admirada. Neste livro, o poema visual é a outra face do poema oral, assim como a língua guarani (língua sem escrita, apenas falada) é a outra face da elaboradíssima escrita oriental, ambas presentes no livro. O poeta tanto precisa da fala indígena quanto dos ideogramas japoneses para expressar a riqueza e a ebulição do seu mundo poético, que mantém um pé neste lado do mundo e o outro do lado de lá.

Por isso, quem ouviu Emmanuel Marinho agora precisa também lê-lo – só assim terá a dimensão exata do seu talento e da sua mestria como poeta.Emmanuel em pe

O poeta

Emmanuel Marinho nasceu em Dourados-MS. Possui formação acadêmica em Psicologia pela UNIP-SP e pós-graduação em Artes Cênicas pela UFRJ. Compõe poemas, edita-os em livros e os interpreta no teatro e na música. Publicou os livros: "Ópera 3", 1980; "Cantos de Terra", 1982; "Jardim das Violetras", 1983; "Margem de Papel", 1994; "Satilírico", 1995; "Caixa de Poemas", 1997 e "Caixa das Delícias", 2003. Na música, produziu o CD "Teré", 2004 e o CD “Encantares”, 2015. Com seus espetáculos-solo, inspirados em seus poemas, o multiartista excursiona, desde 1994, pelo Brasil, América Latina e Europa, sempre com sucesso de público e da crítica. Suas obras são leitura obrigatória nos vestibulares da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O poeta Emmanuel é membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e recebeu vários prêmios pelos trabalhos artísticos realizados.