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Cultura

Audiência Pública discute o que é ser mulher em clima de violência

22 março 2018 - 11h35

Audiência Pública que será realizada nesta quinta-feira (22), às 19 horas, na Câmara de Dourados, pretende questionar “o que é ser mulher em Mato Grosso do Sul”. A abordagem segue a linha da violência contra a saúde e a cultura do estupro, conforme defende o Movimento Popular de Mulheres.

O Estado é um dos maiores consumidores de agrotóxico no país, com uma média de consumo de 40 litros por pessoa, seis vezes mais que a média nacional, que é de sete litros, segundo o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), o que significa, de acordo com a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), sérios riscos aos habitantes, principalmente às mulheres, quanto à infertilidade, problemas com hormônios, endometriose, câncer e até mesmo aborto.

Além disso, conforme a justificativa para a Audiência Pública, números indicam que o Mato Grosso do Sul tem a maior taxa de estupros e violência contra a mulher do país, de acordo com o levantamento do 11º Anuário de Segurança Pública. Em Dourados, está sendo investigado um estupro de uma jovem acadêmica, resultado de excessos cometidos durante o trote de recepção a novos estudantes universitários. “Em alguns comentários nas redes sociais, é percebível a “cultura do estupro”, termo usado para abordar essas maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens, expõe o Movimento de Mulheres.

Os índices do país são alarmantes. A cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal e doze mulheres são assassinadas todos os dias a cada duas horas, em média. O caso da vereadora Marielle Franco (RJ) é um exemplo disso. “Mulher negra, cria da Maré e defensora dos Direitos Humanos", como se descrevia, foi assassinada neste mês. Ela questionava, inclusive, a falta de representação feminina na vida política.

Em 2017 foram registrados 27 casos de feminicídio (assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero) no MS e mais de 19 mil casos de violência doméstica, de acordo com informações do Relatório de Fatos por Município da Polícia Civil.

Para falar sobre o tema, a Audiência contará com as apresentações de Sandra Procópio da Silva, doutoranda em Geografia e professora da Licenciatura em Educação do Campo na Faind (a Faculdade Intercultural Indígena) da UFGD, bem como Maria de Lourdes Dutra, doutora em Saúde Coletiva, pesquisadora da violência contra as mulheres e professora da Unigran, além de Estela Márcia Rondina Scandola, doutora em Serviço Social, membro da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e professora da Escola de Saúde Pública no Estado.