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Cultura

‘Satilírico’, obra lançada há 22 anos por Emmanuel Marinho, é leitura para vestibular em 2017

22 maio 2017 - 23h01

O mês de maio foi o escolhido para o lançamento do livro ‘Satilírico’, do poeta Emmanuel Marinho. A primeira edição do livro, em 1995, encontrava-se esgotada há muito tempo. A partir de 2016, a UFGD colocou na lista de leituras recomendadas para os vestibulares, as obras de Emmanuel. No vestibular do ano passado, o livro indicado foi ‘Cantos da Terra’ e este ano, em 2017, a obra ‘Satilírico’, 22 anos depois de lançada, será objeto de questões da prova de Literatura, mostrando a ‘eterna atualidade’ do tema.

Para atender à grande demanda gerada entre essa geração de jovens vestibulandos, professores de cursos preparatórios e colégios de todo o Estado, o poeta providenciou, por meio da sua editora Bazar de Poesia, a segunda edição da obra, cujas etapas acompanhou pessoalmente – outra marca original de suas obras, que são elaboradas quase artesanalmente e concebidas integralmente pelo autor. Da capa ao tipo de papel, das fontes das letras às disposições das páginas, tudo é trabalho do poeta.

A segunda edição já está nas livrarias do país a partir de sexta-feira (19) passada, ao lado das obras também recomendadas para os vestibulares da UFGD: “Livro sobre Nada”, de Manoel de Barros; “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marques; e “Número Zero”, de Umberto Eco. A inclusão da obra do poeta Emmanuel nessa lista de grandes nomes da literatura é altamente significativa para um artista do interior de Mato Grosso do Sul e vem coroar de êxito a trajetória de um dos poetas mais aplaudidos e admirados pelo público de inúmeros lugares onde se apresenta pelo país.

Convidado para os eventos literários mais importantes do Brasil (FLIP – Feira Literária Internacional de Parati, COLI – Congresso de Leitura do Brasil, Unicamp, Feira do Livro de Porto Alegre, Bienal do livro de Brasilia, etc), Emmanuel Marinho apresenta-se e participa de mesas e debates ao lado de autores e artistas renomados, personalidades e especialistas, que demonstram admiração e reconhecimento por meio de novos convites.

‘Satilírico’ é o quinto livro do poeta. São poemas urgentes, ‘jornalísticos’, a maioria publicada em seu tempo, na imprensa, ou distribuída de forma clandestina pelas ruas (na época a censura era implacável, alguns deles foram rodados em mimeógrafo e sem assinatura), observa o autor. A obra, uma brincadeira com a dor e com o riso, expande-se entre alguns números em meio a tantas letras: 1964-1994- trinta anos de história cantada em folhetins, pelos bares, universidades, nos palanques, nas portas das fábricas e dos palácios. Encantada nas escolas, assustada nos metrôs, nos hospícios, na roça e na favela, descreve Emmanuel.

'Sombra chapliniana'

A professora Rita Pacheco Limberti, que assina o Posfácio do livro observa que [Emmanuel] “..., lança seus tentáculos sobre os problemas de um país inteiro, desenhando a sombra “chapliniana” do adorável “palhaço vagabundo”, que faz rir enquanto coloca o dedo na ferida dos problemas políticos e sociais. Por isso ele é sátiro e é lírico, é SATILÍRICO: o humor é sutil, irônico, cômico, critica com ironia; a composição poética inspira o canto, a lira, o sentimento, a emoção. Tudo junto e misturado num ser dual e camaleônico, revela uma alma satírica que escarnece dos sentidos desgastados e das teorias hipócritas, e mostra um coração lírico, que se enternece e se solidariza com o próximo, o distante, o local, o universal.

...Curiosamente, publicado em 95, o livro tornou-se atemporal: os temas transpuseram os umbrais do novo século e sua linguagem visual – marca conceptual do poeta deste e de todos os seus livros – garante, com sua vocação folhetinesca, a veemência da arte engajada e de protesto. As folhas de papel reciclado, a fonte das letras e a concepção gráfica personalíssima do designer contemporâneo Lula Ricardi constituem, em si, eloquente linguagem estética daquilo que submerge no conteúdo. A capa de papel cartonado de tom cinzento – como o sombrio clima daqueles tempos -, sobretudo as letrinhas que ilustram a capa, evocam o modo furtivo de engendrar um discurso interdito, por meio da velha linotipia das gráficas nos porões, clandestinas..."