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Cultura

Marcos Coelho assume presidência da Academia Douradense de Letras

28 setembro 2016 - 11h33

O escritor Marcos Coelho assumiu sexta-feira (23) a presidência da ADL (Academia Douradense de Letras). Durante o ato, proferiu discurso recheado de citações poéticas e homenagens às personalidades literárias que fizeram a história dos 25 anos da entidade.

Confira aqui:

“Estou aqui para saudar a todos que nos prestigiam nesta memorável noite, no afã da comemoração dos 25 anos de fundação da Academia Douradense de Letras, o nosso Jubileu de Prata. Saúdo também a todos os membros ativos e os saudosos na imortalidade de nossa Confraria Acadêmica. E, saúdo com ternura e reconhecimento aos meus confrades da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG, da qual sou membro correspondente. É com grande honra que represento e tenho a incumbência de apresentar nessa noite, o cumprimento e o abraço fraterno dos mui dignos escritores: Mosar da Costa – Centro de Integração Latino-Americana / Santa Maria/ RS; Jefferson Dieckmann - Membro do Escritibas / Curitiba/ PR; ambos os parceiros no fomento à produção cultural e literária na integração dos países do MERCOSUL.

Ao preparar o meu discurso oficial de posse para essa solenidade, rememorei toda minha vida, todos os desafios dela, as lutas, as superações, as lágrimas, as alegrias, todo esse combustível vivido que até hoje me inspira e me traduz como poeta, escritor, contista, romancista, literato que sou. Um verdadeiro e significativo desafio, esse o de tecer a gestão e a administração de uma entidade como a ADL, tão respeitável e importante no cenário de Mato Grosso do Sul e, hoje também latino americano. Para isso, bebi em varias fontes do saber literário, sobretudo aquelas que admiro pela arte e por sua preciosa contribuição no campo do saber literário, da produção crítica, nesse desejo e intuito de se fazer sonhar, delirar, sentir, viver, o de trazer um sentimento genuíno de liberdade através das Belas Letras.

Uma entre tantas escritoras de valor que se reconhece na atualidade brasileira, destaco aqui alguns trechos do discurso da célebre escritora Nélida Piñon, quando fazia seu discurso com o título Memória da viagem para ao tomar posse na presidência da Academia Brasileira de Letras, em 12 de dezembro de 1996:

“A viagem é longa e não faz falta que eu lhes diga como começou. Afinal, os percalços de qualquer trajetória humana fazem parte de um enredo eminentemente secreto. De uma experiência pronta a desfazer-se, ou a naufragar no anonimato ― sem a luminosa proteção da fina tessitura da arte.

Para anunciar os vestígios, pois, de uma vida, ainda que seja da tribuna, do púlpito, há que harmonizá-los com a vertigem da arte narrativa, que tem recursos suficientes para revelar os traços biográficos sem apagá-los ou banalizá-los. Para extrair enfim da alma aqueles fios que favorecem as regiões esquecidas, negligenciadas.”

Creio, desse modo, no poder da palavra, das letras como verdadeiras propulsoras de um saber que vai além do seu significado por escrito, acredito no discurso que seja libertador, que tenha o poder de libertar a consciência aprisionada em palavras de negação e de estrutura doentes e malsinadas, palavras aprisionadoras pronunciadas por pessoas arraigadas em sentimentos doentes, sem luz, sem paz, sem amor. Acredito que as letras tem esse poder de vida e de morte, esse poder de traduzir toda e qualquer sorte, tem esse poder de prisão, tem esse poder de perdição, tem esse poder de salvação, que as letras libertadoras não podem morrer.

O compromisso está lançado, AD INFINITUM PER ANGUSTA, AO INFINITO POR CAMINHOS ÁRDUOS, difícil e desafiador esse compromisso, porém precioso por propor um lapidar do coração literário e também do joalheiro de palavras, na produção e composição de suas joias.

Retomo o discurso de Nélida Piñon, assumindo o mesmo compromisso acadêmico:
“Esta arte que, cúmplice do desejo coletivo, mobiliza cada ser humano. E revestida da condição de escritora para melhor combinar a arte literária com a apologia da consciência individual e coletiva. São os reclamos humanos que concedem à literatura a proteção do saber, o arrimo da compaixão e da piedade.

Assim, onde esteja, em especial desta tribuna, confesso acreditar na aventura humana, no direito que nos assiste de exaltar, através da narrativa, esta enigmática viagem que encetamos todos em direção ao centro de nós mesmos. Na busca permanente da residência dos nossos alentos.

Uma narrativa que se ampara, e apura-se, no ato, ou no ofício de revelar os homens e a sociedade em que habitamos. Delicado e incerto ofício que conta apenas com a palavra, arma que fere, decepciona, exalta, pensa, surpreende ― com a palavra, repito, para iluminar os desvãos da realidade. Graças à palavra, contudo, costuramos os atos humanos e acreditamos na força restauradora do espírito, tão presentes, e sempre reabilitados, nesta Casa de Machado de Assis.”

Assumo esse desafio, sonhando, buscando, crescendo, como meu patrono Marechal Candido Rondon, aquele que foi destemido, que acreditou e que venceu, com a Paz em seu coração e em seu Espírito, sacrificando interesses pessoais e mesquinhos por valores humanos reais, em defesa do coletivo, do real valor cidadão, sendo justo, honesto e leal aos valores e atributos imperecíveis que o imortalizaram com mais vida, numa herança que jamais o fará esquecido. Suas sábias palavras jamais perecerão: “MORRER SE PRECISO FOR, MATAR NUNCA”, ato contínuo, estabeleceu-se num viver digno e honroso que o fez respeitável e poupou centenas de milhares de vidas, num viver que o fez amigo de sua gente e dos nativos, que o fez imortal, que fez a nossa história e o nosso desenvolvimento em comunicação, que nos trouxe progresso, conhecimento, comunicação, imortalidade, um verdadeiro Patrono da Comunicação. Saúdo, pois ao meu estimado Patrono Rondon.

Saúdo com respeito ao meu antecessor na Cadeira nº 06, o escritor Joaquim Lourenço Filho, honrado médico e escritor e lidador das letras aqui e além, com seu jornal o Rolo e suas viagens inesquecíveis, assim como a todos os saudosos acadêmicos e aos atuais membros de nossa Confraria, a ADL, e nossos correspondentes.

Desejo nessa gestão trazer honra a nossa ADL, a Dourados, a Fátima do Sul, minha cidade natal, ao Mato Grosso do Sul, ao Brasil, ao continente americano. Hoje é uma noite de alegria indizível a mim, pois o menino, acorda adulto, trazendo honra aos Poetas de Sua Família Coelhina, a sua doce mãezinha, a Poetisa Dona Eli Coelho, sua Doce Irmã, Artista Plástica Léya Coelho Cardoso, ao cunhado Jorge e sobrinhos Igor e Yasmin, aos seus saudosos avós Elvira Maria Pereira, Bibiano Coelho, Joaquim Sabino Coelho Pereira, Manoel Cardoso Filho, sua avó viva Maria da Paz Cardoso.

Agradeço a todos dessa diretoria e gestão da ADL que me acompanhará na gestão que se inicia, a minha querida madrinha Literária, a Eterna Conselheira Ruth Hellmann e Minhas adoráveis Conselheiras Pessoais Heleninha de Oliveira e Maria A. Pontes. A minha antecessora no comando da ADL Ivone Macieski.

Com Alegria, brindo ao Jubileu de Prata da Academia Douradense de Letras, com votos de muito mais Letras e Cultura e êxitos na alcunha de escrever e de se libertar nesse eterno AD INFINITUM PER ANGUSTA!”.