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Fiocruz adia para março entrega de doses da vacina produzidas no Brasil

20 janeiro 2021 - 00h56

Com o atraso na chegada de insumos vindos da China, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) adiou de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca que serão produzidas no Brasil. A informação sobre a nova data está em ofício da Fiocruz enviado ontem ao Ministério Público Federal (MPF) ao qual o Estadão teve acesso. A mudança deve dificultar ainda mais a execução do plano nacional de imunização contra a covid-19, que já sofre com incertezas quanto à importação dos insumos para a produção da Coronavac. O MPF tem apurações abertas desde dezembro para acompanhar estratégias de vacinação. No último dia 11, o órgão enviou ofício à Fiocruz com questionamentos sobre o cronograma de entrega tanto dos 2 milhões de doses prontas que serão trazidas da Índia quanto do quantitativo que terá sua fabricação finalizada no Brasil pela Fiocruz, a partir da importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) de parceira da AstraZeneca na China. Na resposta, assinada pelo diretor do Instituto Biomanguinhos, Mauricio Zuma Medeiros, a Fiocruz diz que o 1º lote do IFA tem chegada prevista para 23 de janeiro, "ainda aguardando confirmação", e que as primeiras doses produzidas com essa matéria-prima deverão ser entregues ao Ministério da Saúde só no início de março. A Fiocruz justifica ser preciso mais de um mês para o fornecer as doses pois, além do tempo de produção do imunizante a partir do IFA, as doses fabricadas nacionalmente precisarão passar por testes de qualidade que demorarão quase 20 dias. O documento deixa claro, portanto, que, se o IFA não chegar em janeiro ou se os insumos ou produtos finais não passarem nos testes de qualidade, esse prazo de entrega pode ser esticado ainda mais. A promessa anterior, feita pela fundação no fim de dezembro, era entregar o 1º lote de vacinas produzidas no Brasil na semana do dia 8 de fevereiro. Seriam 1 milhão de doses distribuídas de 8 a 12 de fevereiro. A partir de 22 de fevereiro, a fundação entregaria 700 mil doses diariamente. Pela estimativa anterior, portanto, o Brasil teria ao menos 5,9 milhões de doses garantidas para o mês que vem. A fundação prometia ainda 100,4 milhões de doses até o fim do 1º semestre. O ofício também diz de que os lotes de insumos serão entregues de modo escalonado, a cada duas semanas, num total de 30 remessas com insumos suficientes para produzir os 100,4 milhões de doses. "A chegada do primeiro lote do IFA está prevista para o dia 23/01/2021, mas ainda aguardando confirmação, e, a partir desta data, serão entregues mais 30 lotes, em intervalos de 2 semanas, resultando na quantidade suficiente para a produção de 100,4 milhões de doses da vacina acabada." A Fiocruz diz ainda já estar com a linha de envase pronta para funcionar a partir da chegada do IFA e que uma 2ª linha entrará em operação em março. O atraso no envio dos IFAs deve-se a um bloqueio do governo chinês na exportação de insumos para a produção de vacinas. Ao MPF, a Fiocruz informa não saber a data de envio dos dois milhões de doses prontas, importadas do Serum Institute da India. A importação foi uma estratégia adotada pela gestão Jair Bolsonaro para tentar antecipar o início da vacinação com o imunizante de Oxford/AstraZeneca. A estimativa era trazer as doses semana passada, mas a operação foi frustrada pelo governo indiano, que não autorizou o envio. Ontem, a Índia deixou o Brasil de fora da lista de países que receberão as vacinas primeiro (leia mais nesta pag). Ontem, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou Bolsonaro e disse que o País só imuniza agora após o esforço paulista. "Onde estão as outras vacinas?" Respostas. Questionada pelo Estadão sobre a mudança no prazo de entrega das doses, a Fiocruz afirmou que a carga de insumos está "pronta para embarque", aguardando liberação de autorização governamental para exportação e que ainda não é possível confirmar a data de chegada do IFA. "As instalações da Fiocruz estão prontas para iniciar a produção, apenas aguardando a chegada desses insumos." Um cronograma detalhado da produção, disse, será divulgado em breve. Também procurada, a AstraZeneca disse que trabalhar "para apoiar o desenvolvimento da produção no Brasil de 100,4 milhões de doses" e liberar os lotes de IFA "o mais rápido possível". O Serum disse ao Estadão que não iria comentar. Em nota, o Itamaraty disse que o "governo brasileiro permanece em estreito contato - com sentido de prioridade e urgência - com as autoridades indianas".

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