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Não comigo, estou fora !

06 janeiro 2018 - 13h10

No Estado do Rio Grande do Norte, onde os moradores de Mossoró nunca desejam Feliz Natal para ninguém, coincidentemente, em Natal, as Polícias civil e militar, assim como os Bombeiros estão em greve, permanecendo nos quartéis. A greve é a forma que encontraram para protestar contra o não recebimento dos salários de novembro, dezembro e o décimo-terceiro.

Policiais e Bombeiros são pessoas comuns, membros da sociedade que possuem famílias para sustentar. Eles têm despesas com alimentação, com moradia, contas de luz, de água e precisam ainda, comprar o material escolar para os filhos e, mais: para tratamento dentário, compra de calçados e de roupas para toda a família, além de outros encargos que devem ser satisfeitos, para que não sejam alcunhados como vigaristas -- o que seria um contra-senso -- porque eles têm a função de garantir a paz social e devem, em qualquer circunstância, ter conduta exemplar. Eles são o espelho no qual se reflete a sociedade!

Pois bem, sem as condições básicas para viver – não receberam os salários – ainda tem a greve condenada pela Justiça, que além do mais ainda prescreve que os policiais que não entrarem, imediatamente, no serviço serão presos(!?)

Por onde, neste País chamado Brasil, anda a EQÜIDADE, que deve, em qualquer circunstância, nortear a caneta do magistrado? Eqüidade, sabe-se: “Princípio de justiça fundamentado na igualdade de direitos. Caráter do que é feito com justiça e imparcialidade”.

Os policiais do estado “Potiguar” (Potiguar, do Tupi: o que come camarão), que nem dinheiro têm para o feijão, porque não receberam os salários, exibiram fardamento puído, coletes vencidos, armamento e viaturas sucatadas -- carências que somadas -- inviabilizam o trabalho na segurança pública.

Tudo o que mostraram não foi o bastante, para despertar no Magistrado, “o princípio de justiça fundamentado na igualdade de direitos”. Outrossim, o que pode ser facilmente comprovado, é quando se busca alguma notícia de que os juízes, desembargadores e ministros entraram em greve, por falta do pagamento dos seus proventos. Ou mesmo o governador Potiguar e seus secretários; os deputados, prefeitos e vereadores; assim como o pessoal do Tribunal de Contas. Enfim, a carência de recursos públicos nunca afeta essa classe que recebe, religiosamente, polpudos salários! A abstinência sempre é imposta à classe mais carente, que percebe salários aviltantes, com a desculpa de que não há recursos para o pagamento.

O princípio da EQUIDADE, no Brasil, em quaisquer dos estados da Federação, é observado tão-somente para os graúdos, que mandam e desmandam nos Cofres públicos. Para os pequenos, o conceito que orienta os “grandes” que vivem dentro dos Cofres, alheios às necessidades do funcionário de modesta categoria, é que se lasquem, sinônimo de explodir. Dizia minha avó no dialeto vêneto, diante de qualquer contratempo: “che se sbore!”, que eu entendia como: “que se arrebente!”

O governo Potiguar não propicia condições para que o funcionário sobreviva como cidadão, em condições normais porque, irresponsavelmente, não lhe paga o salário; e mais, não lhe fornece os meios para a execução da tarefa, como viaturas, armamento, coletes e outros itens indispensáveis para o trabalho, figurativamente é como exigir que um aleijado vença a maratona.

Os policiais e os bombeiros são, covardemente, atacados nos dois flancos: não recebem os salários; não dispõem de meios para executar o trabalho e, ESTRANHAMENTE, são condenados à prisão (?), por magistrados que desconhecem o que seja EQÜIDADE.

Devemos solidariedade a esses desvalidos funcionários da segurança pública em Natal, no Rio Grande do Norte, vitimados por aqueles que aos domingos, com as caras untadas com óleo de peroba, vão à missa ou ao culto evangélico, pedir - não se sabe o que - a Deus.

Junte-se ao que foi escrito, a figura do político ladrão e o eleitor desavisado, ignorante ou mal intencionado que dá seu voto em troca de alguma porcaria, condenando a sociedade a passar largo período por privações na saúde, na educação e na segurança. Sem o voto do eleitor irresponsável, nenhum político chega ao cofre do País, do Estado ou do Município.

O covarde mente, com descaramento, diante do problema que ele mesmo criou e para disfarçar sua covardia, apela para qualquer expediente, por mais escroto que seja!

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras. ([email protected])

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