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Jânio da Silva Quadros, ou, apenas Jânio Quadros

21 dezembro 2017 - 16h26

No livro “Pescador de Sonhos”, ed. UFMS, 2006, que registra as memórias do saudoso governador Pedro Pedrossian (1928-2017), do qual recebi um exemplar em 11-05-06, com atenciosa e longa dedicação, nele, às págs. 246/7, podemos ler: “Quando estudante, ao tomar conhecimento de que Jânio nascera na minha cidade, Miranda, e lecionara no Mackenzie, despertou uma natural identificação; participei, então, de sua campanha e da sua eleição vitoriosa para a prefeitura de São Paulo.”(sic)

“Embora figure na história que ele é campo-grandense, Jânio Quadros nasceu em Miranda, em 1917. Minha mãe confirmou a versão, pois estudara com a mãe do candidato. Mais: verificou-se ainda que Jânio nascera na chácara Jambeiro, hoje integrada à minha propriedade, a fazenda Petrópolis” (sic)

“Gabriel, seu pai (...) passou a morar em Miranda, montando uma pequena farmácia e um jornal(...) A família se mudou para Campo Grande, depois para Curitiba e, por fim, para São Paulo. Jânio tinha, então sete anos de idade.” (sic)

“Quando se lançou candidato à presidência da República, em 1960, voltei a vê-lo. É que Jânio visitou Campo Grande, viajando de trem...” “Em determinado período tornamo-nos amigos e, mais de uma vez, o visitei em sua residência, em são Paulo (...) Recebi duas telas pintadas por ele, bonitas, que refletiam sua tristeza interior. Comunicava-se com auxiliares de governo, ou com amigos, com os seus famosos bilhetes.” (sic) Sua caligrafia, ilegível, assimilava-se aos hieróglifos dos egípcios!

“Jânio continuou nos prestigiando com sua honrosa amizade e se excedeu quando visitou minha mãe, recém-operada... No deslocamento da sala de operação até o apartamento, empurrou a maca, com muito afeto e carinho, pelos intermináveis corredores do hospital.”

Até aqui tivemos o testemunho do saudoso governador Pedro Pedrossian, que conheceu Jânio Quadros (1917-1992), partilhou com ele o berço de nascimento em Miranda e, durante longo tempo, manteve estreita amizade com o ex-presidente, tudo conforme lembrado no seu livro de memórias.

Eu ainda adolescente, morando na cidade de Promissão (SP), tinha pleno conhecimento do desempenho político-administrativo do então prefeito de São Paulo, pelo PSB, Jânio Quadros, através dos relatos do meu saudoso tio Américo — janista juramentado — que morava em S. Paulo. Ele nunca se cansou de elogiar o desempenho de Jânio, como prefeito da capital paulista.

Como prefeito de São Paulo, Jânio fez publicar uma lei, que impunha às pastelarias a obrigação de colocar uma azeitona em cada pastel. Aos donos de bar, a obrigação de manter um “Restroom”, “Water Closed”, ou, simplesmente, um “Banheiro”, para uso dos freqüentadores.

Percebendo que funcionários da Prefeitura utilizavam-se dos veículos do município para descerem para as praias de Santos, nos finais de semana, passou a cercá-los, pessoalmente; determinou, depois, para melhor identificá-los, que fossem todos pintados de amarelo.

Mostrou trabalho, competência e honestidade a toda prova. Como prefeito, deixou a cidade modernizada, limpa, dinheiro em caixa e livre de funcionários fantasmas. Elegeu-se, em seguida, governador do Estado de São Paulo. Ainda sem idade para votar, participei das manifestações nas ruas de Promissão (tenho a foto) pela segunda vitória acachapante do político Jânio Quadros.

Aprovou seu Plano Trienal de Governo e deu celeridade à sua meta administrativa. Seu Secretário de Fazenda, Carvalho Pinto, cognominado “O Mago das Finanças”, viabilizou os recursos necessários. O Plano Trienal englobou as obras projetadas e fez minguar as discussões. Aprovado no atacado, o Plano foi inteiramente executado pelo governador Jânio, que tinha pressa!

No curto período de quatro anos, construiu escolas, asfaltou rodovias, moralizou o serviço público. Saia pessoalmente à noite, para correr as Delegacias de Polícia, para saber se o delegado de plantão estava no serviço. Os funcionários públicos tinham pavor do governador, que “não dormia” em serviço e gostava de conferir tudo pessoalmente. Como governador, sua obra foi memorável. Seguiu-lhe os passos Carvalho Pinto, que o sucedeu como governador.

Nas eleições para a presidência da República de 1960, Jânio concorreu como candidato, com Marechal Teixeira Lott (1894-1984). Para essa eleição, fui requisitado pelo Cartório Eleitoral da comarca de Dracena, para trabalhar como Secretário na Seção Eleitoral no distrito de Iandara. Lembro-me ainda, do comentário do mesário: “—Esta nossa seção é de poucos eleitores e de pouca importância, mas daqui podem sair os votos que elegerão o presidente! Ali Jânio recebeu o meu primeiro voto e elegeu-se presidente da República Federativa do Brasil.

Na presidência da República, onde permaneceu poucos meses, Jânio revelou-se um enigma, até hoje não decifrado.

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras ([email protected]).

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