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Agronegócio

Cientistas das Filipinas pesquisam superarroz que se adapta à mudança climática

15 fevereiro 2011 - 09h54Por Redação Douranews, com Globo Rural Online

O desenvolvimento de um superarroz resistente às bruscas mudanças climáticas para garantir o sustento alimentar mundial é o objetivo dos cientistas que trabalham em um laboratório nas Filipinas. Os especialistas do Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (IRRI, em sua sigla em inglês), uma instituição sem fins lucrativos, e da Academia Chinesa de Ciências Agrárias há 12 anos fazem pesquisas para chegar à composição do chamado superarroz verde.

"O que tentamos é criar distintas variedades de arroz que ofereçam um bom rendimento aos agricultores com um menor uso de adubo. Também pretendemos que elas sejam resistentes às condições ambientais desfavoráveis, como inundações, seca, bactérias e a alta salinidade da água", explica Jaouhar Ali, cientista da instituição.

Com base nos dados que indicam que o cultivo do arroz consome cerca de 30% da água empregada com fins agrícolas em todo o mundo, sendo que na Ásia esse índice chega a 80%, os cientistas tentam criar uma semente que necessite de menos irrigação."Para 2025 calculamos que a demanda por arroz no mundo terá aumentado 40% e ao mesmo tempo entre 15 e 20 milhões de hectares de arrozais sofrerão escassez de água", aponta Ali.

Nesses anos de pesquisas, os cientistas se dedicaram a cruzar cerca de 250 variedades de grãos, além de experiências com híbridos, a fim de obter uma semente que permita colher maior quantidade de arroz com menos água e semente. Por enquanto, produziram várias sementes que tiveram bons resultados em terreno seco, em áreas inundadas e com alta salinidade, e que também sobreviveram perante a invasão de ervas prejudiciais em experimentos realizados em 15 países da Ásia e da África. "É curioso, porque descobrimos que os mesmos genes implicados na resistência à seca também favorecem a sobrevivência nas inundações", assinala o pesquisador.

O superarroz verde será o substituto melhorado do arroz milagro, desenvolvido pelo IRRI na década de 1960 e com o qual se chegou a multiplicar por dez o rendimento por hectare em alguns arrozais, o que evitou que a Índia e outros países da Ásia sofressem grandes crises de fome. Porém, o arroz milagro (obtido também depois do cruzamento de diferentes grãos) e suas posteriores evoluções requerem uma grande quantidade de água e adubo para seu crescimento perfeito e não se adaptam bem aos fenômenos climáticos que com maior frequência se registram em todo o mundo.

Por conta disso, o projeto do superarroz não implica modificações genéticas artificiais, mas sim dezenas de cruzamentos de distintas espécies de arroz de todo o planeta até chegar aos mais resistentes. Ali insiste que o objetivo de sua equipe não é criar uma variedade única, mas adaptar as mais consumidas em cada zona do mundo às condições ambientais nas quais o grão vai crescer.

Com os bons resultados obtidos até agora, a pretensão é que, em um prazo de quatro a dez anos, 20 milhões de pequenos agricultores recebam este arroz. Segundo os cálculos do instituto, isso representará um aumento da produção de arroz de cerca de 13 milhões de toneladas por colheita e gerará para o setor US$ 2,6 bilhões adicionais.