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Economia

Petrobras e bancos pressionaram aumento do fluxo cambial em janeiro

09 fevereiro 2011 - 19h55Por Redação Douranews, com Reuters

A força de atração de dólares que o Brasil tem ostentado nos últimos anos parece não ter data para se dissipar. Não bastassem as entradas de recursos por meio de investimentos feitos por estrangeiros na bolsa de valores, em títulos públicos e em renda fixa, outro canal tem se mostrado extremamente eficiente: as emissões de títulos no exterior feitas por empresas brasileiras. Apenas em janeiro de 2011, Petrobras e bancos nacionais captaram 9,6 bilhões de dólares no mercado externo – 62% de todo o fluxo cambial do mês, que chegou a 15,5 bilhões de dólares - valor muito superior ao apresentado em janeiro do ano passado, de 1,07 bilhão de dólares.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a aceleração da emissão de títulos ocorrida em janeiro é um "ponto fora da curva" no mercado de capitais brasileiro. Apenas a Petrobras é responsável por 6 bilhões de dólares desta conta. A emissão faz parte dos planos da companhia de realizar operações da ordem de 40 bilhões de dólares no mercado de dívida até 2014. O objetivo, assim como ocorreu com a capitalização de 2010, é financiar a exploração do pré-sal – o que exigirá da estatal cerca de 224 bilhões de dólares em investimentos nos próximos quatro anos.

Os bancos brasileiros, que conseguiram trazer ao Brasil 3,6 bilhões de dólares graças aos títulos emitidos em janeiro, também vivem uma situação inusitada. Para se ter ideia, trata-se do maior volume mensal já registrado por instituições financeiras nacionais, segundo dados da Bloomberg. No mesmo mês, os bancos de outro país integrante do BRIC, a Rússia, não conseguiram captar mais que 1 bilhão de dólares, enquanto nos bancos mexicanos, a captação foi zero. Apenas uma emissão do Banco do Brasil feita em janeiro foi responsável pela captação de 750 milhões de euros (1 bilhão de dólares) – com rendimento de 4,62% ao ano para o investidor.

No caso dos bancos, a razão da captação bancária (que é 74% maior do que em janeiro de 2010) explica-se pela medida anunciada pelo Banco Central de elevar a alíquota do compulsório dos depósitos a prazo. A autoridade monetária também aumentou o limite de capital necessário para garantir operações de crédito para pessoas físicas com prazos maiores que 24 meses. Tais fatores fizeram com que os bancos nacionais – apesar de apresentarem lucros anuais expressivos – tivessem de recorrer ao mercado de dívida para se capitalizar. “Com os juros baixos nos Estados Unidos e na Europa, os papeis brasileiros se tornaram alguns dos mais atrativos do mercado. Principalmente se lançados diretamente lá fora”, afirma o economista Homero Guizzo, da LCA Consultores.

O apetite do investidor estrangeiro pelos papeis brasileiros emitidos no exterior se explica pela mesma razão que os investimentos estrangeiros diretos vêm batendo recordes sucessivos: confiança na economia nacional, taxas de retorno atrativas e solidez política. Nem mesmo o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) serviu para acalmar a entrada da moeda americana.