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Financiamento de carro na mira do BC com alta da inadimplência

21 janeiro 2011 - 18h44

O governo brasileiro tenta conter o crescimento recorde de empréstimos para compra de veículos, numa tentativa de impedir a formação do que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, chamou de bolha de crédito. Regras de capital mais rígidas anunciadas no mês passado visam reduzir prazos de financiamento que chegaram a 80 meses para brasileiros de baixa renda com curto histórico de crédito, disse Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian, a divisão local da empresa de avaliação de risco de crédito com sede em Dublin. Os atrasos nos pagamentos de empréstimos pessoais, incluindo o financiamento de veículos, subiram 6,3 por cento no ano passado, a maior alta desde a crise financeira global em 2008, de acordo com a Serasa Experian. O juro médio anual em empréstimos para a compra de automóveis era 22,8 por cento em novembro. Enquanto o total de financiamentos de veículos aumentou 11 por cento nos Estados Unidos no ano passado, o salto no Brasil foi de 45 por cento, o que ajudou a impulsionar o crescimento econômico mais forte em duas décadas. Tombini disse em 3 de janeiro que a decisão de elevar o depósito compulsório e os requerimentos de capital para os bancos visa impedir a formação de uma bolha de crédito. O crescimento do crédito pessoal deve se desacelerar de 17 por cento em 2010 para 10 por cento este ano, segundo ele. ‘Fechar a torneira’ “O Banco Central decidiu começar a fechar a torneira”, disse José Pereira da Silva, especialista em crédito e professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas em São Paulo. O rendimento adicional que investidores exigem para deter títulos do governo brasileiro em vez de bônus do Tesouro americano caiu 51 pontos-base nos últimos seis meses, ou 0,51 ponto percentual, para 170 pontos-base, segundo o JPMorgan. A taxa do contrato do Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2012 subiu 3 pontos-base ontem para 12,40 por cento. O custo para se proteger contra um calote em títulos brasileiros por cinco anos subiu 1 ponto-base ontem para 107, de acordo com a CMA. Os contratos de derivativos credit-default swaps, ou CDS, pagam ao comprador o valor de face em troca do ativo de referência ou o valor financeiro equivalente se um governo ou empresa não honrar os acordos de dívida. O juro médio em financiamentos de veículos caiu de 36,5 por cento dois anos antes, segundo dados do BC. Esses empréstimos têm juros menores e prazos mais longos do que outras formas de financiamento pessoal porque oferecem menos risco aos credores, que usam o próprio veículo como garantia, disse Silva. Inadimplência pode aumentar A inadimplência pode aumentar no início de 2011, à medida que os proprietários enfrentam dificuldades para pagar impostos incidentes sobre os veículos e outras contas típicas de começo de ano, de acordo com Almeida, da Serasa. “Prazos mais curtos significam apenas que o financiamento ficará mais caro”, disse Silva numa entrevista por telefone. “Vai ser preciso mais dinheiro para comprar um carro”. O volume total de R$ 136 bilhões em financiamentos de veículos entre janeiro e novembro do ano passado representou 25 por cento dos R$ 549 bilhões em empréstimos pessoais no sistema financeiro no Brasil, de acordo com o BC. Nos Estados Unidos, o total de empréstimos para compra de veículos aumentou de US$ 388 bilhões em 2009 para US$ 429 bilhões em 2010, de acordo com a CNW Marketing Research. As novas regras anunciadas em 3 de dezembro aumentaram os requerimentos de capital em financiamentos de veículos superiores a 24 meses que não atendam os critérios do BC para o pagamento de entrada da compra do bem. O prazo médio do financiamento de veículos subiu de 509 dias em 2008 para 564 dias -- aproximadamente 18 meses -- em novembro, segundo o BC. Cerca de 29 por cento desses empréstimos têm prazo acima de 24 meses. “Os prazos ficaram tão longos que as pessoas começaram a contrair dívidas em outros lugares enquanto ainda tinham pagamentos a fazer nos empréstimos para compra do carro”, disse Almeida. “Não faz sentido, por exemplo, ter um financiamento de cinco anos para um carro usado que talvez nem dure tudo isso”.

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