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Economia

Casa da Moeda fecha três contratos de exportação de notas

19 janeiro 2011 - 19h43Por redação douranews/ com Agência Brasil

A Casa da Moeda do Brasil (CMB) está voltando a exportar. Do final de 2010 para cá, já fechou três contratos: fornecer 140 milhões de notas de 100 pesos para a Argentina; mais 40 milhões de cédulas de 5 mil e 10 mil guaranis para o Paraguai; além das 100 milhões de notas de gourdes, que irão para o Haiti. “Essas encomendas já estão de bom tamanho para o primeiro semestre”, avalia Luiz Felipe Denucci, presidente da Casa da Moeda.

“Passamos mais de 20 anos fora do mercado internacional, porque a Casa da Moeda tinha de fazer investimentos”, conta o executivo, lembrando que todos os países da América Latina e alguns africanos foram clientes em algum momento da história da CMB. Nos anos 1980, o processo inflacionário brasileiro e a obsolescência tecnológica dos equipamentos fizeram com que ela deixasse de exportar.

A Casa da Moeda do Brasil foi criada em 1694. Já teve sede na Bahia e em Minas Gerais, mas desde pouco antes da vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, ela está baseada no Rio de Janeiro. Foi de suas linhas de produção que saiu o terceiro selo postal do mundo, conhecido como Olho de Boi, produzido em 1843. Os dois primeiros foram estampados na Inglaterra e na Suíça. A primeira exportação da CMB ocorreu em 1813, quando foram mandadas moedas para colônias portuguesas na África.

Voltar a atender o mercado externo, no entanto, exigia investimentos na produção e eles só vieram recentemente. Segundo o presidente da CMB, em 2009 e 2010 foram investidos na modernização e ampliação da produção entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, valores que deverão de repetir neste ano. “Temos o que há em tecnologia de ponta em tudo o que fazemos, desde as cédulas até os passaportes com chip.”

O contrato com a Argentina foi fechado em dezembro do ano passado. As casas da moeda dos dois países têm um acordo de produção chamado União Transitória de Empresas (UTE), em que as duas se unem com o objetivo de atender uma determinada demanda. Denucci afirma que o Banco Central argentino fez a encomenda e ela está sendo atendida no âmbito desse acordo.

Contrariando informações que circularam no mercado financeiro, o presidente da Casa da Moeda diz que o pedido dos argentinos foi pago, embora ele não revele os valores. “É segredo comercial”, afirma. Até a quarta-feira da semana passada, dia 12, os aviões da Força Aérea Argentina retiraram 106 milhões de cédulas no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. “Em fevereiro, produziremos mais quase 40 milhões de notas”, conta o presidente, lembrando que a encomenda inicial era de 130 milhões de notas, ampliada depois para 140 milhões. “Estamos na expectativa de que eles façam uma nova encomenda”, prevê.

Paraguai e Haiti

No mês que vem, a CMB dará início à produção das 40 milhões de notas pedidas pelo Paraguai. A meta da estatal é atender toda a encomenda no primeiro quadrimestre do ano. A fabricação das cédulas para o Haiti faz parte da ajuda humanitária internacional para a reconstrução do país, arrasado por um terremoto há um ano. De acordo com Denucci, participam da doação tanto a Casa da Moeda do Brasil quanto seus fornecedores. “Eles doaram os insumos ou fizeram um desconto significativo”, afirma o presidente. Essa produção também será no primeiro semestre.

Com as exportações, a CMB planeja incrementar as receitas provenientes da fabricação de cédulas. Hoje, a receita tanto com notas como com moedas respondem por 35% do total. Para isso, a empresa conta com duas novas linhas de produção de notas que, operando em dois turnos, têm capacidade anual para 2,8 bilhões de cédulas. Nas duas linhas antigas, também em dois turnos, a capacidade é para 1,4 bilhão de unidades. “No total, podemos produzir 4,2 bilhões de cédulas por ano em dois turnos.”

A fabricação de moedas também tem capacidade bilionária. Segundo Denucci, a produção pode chegar a 2 bilhões de moedas banhadas em dois turnos, mais 3,5 bilhões de moedas feitas em aço inox ou estanho, que não precisam de banho.

O principal negócio, no entanto, são os selos fiscais, que respondem por pouco menos de 50% do faturamento. E a produção deve crescer. A CMB já está começando a fornecer aos laboratórios farmacêuticos os selos que irão estampar todas as embalagens de medicamentos produzidos no País. “Vamos instalar 75 mil totens nas farmácias, para fazerem a identificação dos medicamentos”, diz Denucci. Segundo ele, a expectativa é que os laboratórios demandem 4 bilhões de selos, para que seja feito o rastreamento dos produtos.

O balanço do ano passado da Casa da Moeda ainda não foi divulgado, mas Denucci afirma que o ministro Guido Mantega, da Fazenda, à qual a CMB é subordinada, ficará feliz com os números. Em 2009, a CMB obteve receita líquida de quase R$ 1,5 bilhão, o dobro do ano anterior. O lucro líquido cresceu 219%, para R$ 330 milhões.